sábado, 7 de julho de 2012

Zézinho & Grupo Floreio no Galpão Crioulo

Esta Vaneira
              Paulo Ricardo Costa/José Claro(Zézinho)


Esta vaneira tem borralho e picumã,
Resto de noite, da fumaça dos tições,
Iluminada com pavio e querosene...
Luz de candieiro que dá vida aos galpões;
Tem sentimento do campeiro quando volta,
Da lida bruta que repassa o dia a dia...
No chão batido, roseteado, das esporas,
Que campo afora vão virando melodias;

Esta vaneira foi templada na xucreza...
Sovando notas de uma gaita de botão,
É o próprio hino do Rio Grande que renasce,
Pelos farranchos de capim, caramanchão;


Esta vaneira, quando o a noite se debruça,
Quebra o silêncio e junta o povo no galpão,
Ajeita "as cosa" pra quem traqueja o namoro,
Numa vaneira a gente espanta a solidão;
Marca baguala desta pátria de onde venho,
Ensinamentos dos gaiteiros mais antigos,
Que caga ao tranco, trançada tento por tento,
Pra um novo tempo onde o verso pede abrigo;

Esta vaneira tem gosto de mate amargo,
Da água quente da cambona cascurrenta,
Fedendo a crina de um bagual ainda suado,
Desses, ventena que por nada se arrebenta;
E quando a noite se acomoda, sorrateira...
Ela se solta de algum fole galponeiro,
De nota em nota acariciada pelos dedos,
Conta segredos que só conhece o gaiteiro;

MÚSICA GRAVADA NO CD ASSIM NO MAIS... Zezinho & Grupo Floreio


Gastando a vida num basto
                  Paulo Ricardo Costa/José Claro(Zézinho)

Venho dum fundo de campo donde o Rio Grande termina,
De uma Estância da fronteira, garrão da Pátria Sulina...
Peão de campo e domador, que leva a vida no embalo,
Gastando cordas e tentos no lombo destes cavalos;

Quando o sol se levanta, dee pé no estivo, me acha...
E o couro da matungada riscado igual minhas bombachas,
E os flecos do tirador vem se tapeando no vento...
E um chapelão de aba larga, sombreador de pensamento!


Patrada da cinco Salsos, lá do fundão de Bagé...
Qualquer ginete respeita e nesta marca eu boto fé,
Pois fronteiro que se preze conhece as voltas do mundo,
Em chão que tem domador, jamais encilha matungo;

Quando um bocudo provoca, baldoso e cheio de manha,
Sestroso ao peso do basto, se verga o lombo, já apanha,
Pois um taura que se agarra passeia a espora e não nota,
Que o bagual pega o rumo, a mango e garrão de bota!

OUTRA MÚSICA DO CD ASSIM NO MAIS... Zézinho & Grupo Floreio

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