Erika Martins Benevenute Lopes, 3ª Prenda do Estado do Rio Grande do Sul, tem21 anos e orgulhosamente, como ela não se cansa de dizer, é filha do Centro de Tradições Gaúchas Cancela da Fronteira da cidade de São Vicente do Sul – 10ª RT.
Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), cidade onde ela reside, temporariamente, porque vive mais pelo Rio Grande, ostentando essa faixa que muito nos orgulha.
Como começou a tua vida no tradicionalismo?
Vivencio o tradicionalismo de berço. Meus pais me proporcionaram a bela oportunidade de crescer junto a ele, participando do quadro social e representando minha entidade, através da arte rio-grandense musical em festivais nativistas e concursos de intérprete desde criança, além do grande apreço pelas lides campeiras a espelho de meu pai, Ari Jorge Benevenute.
“Ser prenda de faixa” era um sonho que carregava no coração desde menina, no entanto saí de casa muito cedo, aos 15 anos para cursar o ensino médio em Santa Maria no Colégio Riachuelo e antes da realização deste sonho, objetivava minha aprovação na Universidade Federal. Assim ocorreu no ano de 2010, quando ao concluir o ensino médio fui aprovada pelo PEIES e também agraciada com o título de 1ª Prenda do CTG Cancela da Fronteira.
Como foi o teu prendado no CTG Cancela da Fronteira e na 10º RT?
Foi um ano de muito trabalho e dedicação em prol de minha estimada entidade e em 2011, na Ciranda Regional recebi o título de 1ª Prenda da 10ª Região Tradicionalista, como candidata única, fato que me fez desacreditada por muitas pessoas, além da “falta de experiência e de histórico como prenda”. De junho de 2011 à maio de 2012 coloquei a minha frente o OBJETIVO de ser Prenda do Rio Grande do Sul, o FOCO neste sonho e a ABDICAÇÃO de inúmeras coisas, afinal toda grande conquista exige empenho e por este motivo torna-se valorosa.
E para chegar a Prenda do Rio Grande do Sul?
A ORGANIZAÇÃO foi o grande diferencial de minha caminhada. Programei os projetos, os estudos (História, Geografia, Tradição e Folclore), a pesquisa da mostra folclórica, os certificados dos eventos estaduais, minha prova artística... o relatório de atividades, enfim, tudo minuciosamente e com grande carinho a cada etapa da Ciranda Estadual de Prendas.
Para nós, leigos, qual é a função de uma prenda? O que ela faz, quais os objetivos?
A função de uma Prenda é representar a essência, autenticidade, fibra e coragem da Mulher Gaúcha. Auxiliar a todas entidades e prendas que necessitem de apoio, participar dos eventos que formos solicitadas, zelar pela preservação de nossas tradições e difundir nossa cultura agregando novos soldados ao Movimento Tradicionalista Gaúcho. Naquele momento a 10ª Região Tradicionalista passava por inúmeros problemas, que dificultaram em demasia meu trabalho como Prenda Regional, mas a força e apoio de meus pais, amigos e principalmente dos patrões das entidades fizeram com que conseguisse transpor as dificuldades e chegar até o final da gestão com grande plenitude.
E o trabalho que fizeste na 10ª Região, foi fácil?
Quando assumi como Prenda Regional não haviam na coordenadoria os contados das entidades pertencentes a região e eu os necessitava para enviar os convites dos eventos culturais que realizaria. A saída que achei juntamente com minha família foi visitar os municípios pertencentes a 10ªRT à procura dos patrões. Foi então que estabeleci grandes amizades e o resultado foi na Ciranda Regional de Prendas onde entreguei meu cargo, nela haviam onze prendas concorrentes e cito em especial prendas do município de Toropi que pela primeira vez participaram do concurso e Manoel Viana que mesmo não enviando prendas concorrentes, participou dos eventos culturais e esteve presente no dia. Assim como, fiz questão de em todos eventos que tive oportunidade de desenvolver durante meu trabalho, enviar os convites por correio, email e ainda ligar para confirmar e enfatizar o quão importante era a presença de cada tradicionalista integrante da região, e estes tiveram público em média de 200 a 300 pessoas, fato inédito há anos.
Como foi esse crescimento de sair de tua entidade, ser prenda Regional e agora 3ª Prenda do Rio Grande do Sul?
Literalmente minha trajetória como Prenda e principalmente como Regional, iniciou-se do zero, mas o Patrão Celeste me abençoou com uma família esteio, companheira e com grandes amigos que fizeram meu crescimento. Hoje sou uma representante do meu querido Rio Grande, fato de grande satisfação e orgulho, não somente pela conquista deste título, mas pelos agregados desta caminhada. A Erika de hoje, é uma menina-mulher de maior responsabilidade e maturidade, certa de seus objetivos, pronta para cair e levantar quantas vezes for preciso e para enfrentar os diversos desafios que o destino pode colocar à nossa frente, além de carregar consigo uma bagagem cultural de conhecimentos que serão o diferencial durante toda vida e que despertam os anseios de aprender mais e mais a cada dia.
Como é ser Prenda do Rio Grande do Sul?
Como 3ª Prenda do Rio Grande do Sul, estou realizando um belo sonho, conhecendo intimamente nosso estado, suas belezas, através da convivência com inúmeras pessoas estou realmente presenciando os valores que o gaucho prega, como a hospitalidade, e principalmente, adquirindo uma vasta experiência. Em minha vida particular, são muitos os sonhos ainda não realizados, pretendo retomar com força meu curso superior que por motivo dos estudos e compromissos acabei deixando em segundo plano, além de almejar cantar aos quatro cantos deste Rio Grande sendo uma das representantes da voz da mulher gaúcha e claro, o que toda moça quer, um companheiro para todas as horas (hehehe).
O que achas que tem, se é que tem, para mudar no Movimento Tradicionalista Gaúcho, para ter mais a participação dos Jovens, visto que eu vejo muito pouco a juventude fazendo parte e quando fazem é mais nas invernadas de danças e alguns em Rodeios?
O movimento que vivenciamos deve-se a atitude de oito jovens no ano de 1947 que tiveram a coragem de retomar o tradicionalismo que estava adormecido no coração dos gaúchos. Acredito que os jovens de atualmente necessitam desta coragem para lutarem por aquilo que querem, criticas não adiantam de nada se não houver atitudes e argumentos plausíveis. Meus pais deram-me um embasamento familiar que me ensinou ir atrás das coisas que realmente quero, não somente sonhar, mas buscar realizações. O jovem deixa de participar por estar descontente com algo ou alguém, mas nada faz para que haja mudança.
Qual a mensagem que tu deixas para quem a vê como espelho?
Que a vida é um constante aprendizado, já tive inúmeras decepções e alegrias e delas retiro o máximo para acrescentar em minha caminhada. Estou vivendo intensamente o presente, este sonho terno e belo de “Ser Prenda, a representante da Mulher Gaúcha” e para o amanhã pouco sei, mas carrego comigo a certeza de que tudo farei para conquistar meu espaço e meus anseios com dignidade, a mais bela lição que trago de casa e que foi reafirmada neste encargo de PRENDA!
Muito obrigado Erika Martins Benevenute Lopes, 3ª Prenda do Estado do Rio Grande do Sul, por ter aceitado o meu convite e saibas que tu és exemplo para uma juventude que está vindo ai no tradicionalismo e como conheço-a muito bem, sei que esse trabalho dará muito frutos e que teu prendado muito trará à esse Movimento que de longe assisto e aplaudo nos momentos que acho que devo aplaudir, mas que sou um eterno admirador da luta de pessoas quais a ti.
Mais uma vez nosso agradecimento e que Deus abençoes essa tua caminhada...e sempre que precisares de mim, "eu não sou dono do meu querer..." E que continue nos encantando com essa belíssima voz pelos palcos do Rio Grande, só assim a Pátria Grande do Sul, agradece.