A dança é uma forma de expressão corporal e é fundamental para o ser humano, fazendo com que aperfeiçoemos a nossa coordenação motora, trazendo ao quotidiano uma grande paz de espírito e quando efetuada em grupo proporciona a convivência social saudável. Dançar causa uma sensação de alívio, de bem estar, de alegria, no entanto é complexo conseguirmos através de palavras explicar como a expressão corporal nos pode trazer tantos benefícios. Cada passo, cada movimento, transporta nossas sensações, nosso estado de espírito e pode determinar a facilidade com que transpomos certos obstáculos.
As gaúchas são as danças brasileiras mais coreográficas e são marcadas pela influência das culturas espanhola, portuguesa e francesa. As danças gaúchas estão impregnadas do verdadeiro sabor campesino do Rio Grande do Sul; são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e de respeito à mulher, que sempre caracterizou o campesino sul rio grandense. Ás vezes, também, a dança gaúcha é caracterizada por movimentos e sapateados fortes e até violentos. Em seus volteios exige grande esforço dos dançarinos, chegando em alguns casos, apresentar-se como um desafio de perícia, agilidade e audácia.
O Bugio é o único ritmo originalmente criado no Rio Grande do Sul.
Nasceu no Rio Grande do Sul, nos braços do gaiteiro Wenceslau da Silva Gomes, conhecido como Neneca Gomes, nas serras do Mato Grande, distrito de São Francisco de Assis (Fronteira Oeste) em 1928. O Bugio tem sua origem reclamada por outro município gaúcho São Francisco de Paula (Região Serrana).
Neneca com uma gaita de botão começou a imitar o som emitido por um macaco, conhecido como bugio. Nasceu o ronco do bugio. O Bugio foi incorporado ao repertório musical do Rio Grande do Sul e teve inúmeras gravações, sendo que em 1955 os Irmãos Bertussi levaram o primeiro Bugio ao disco, gravando “o casamento da Doralícia”.
Quanto aos passos do Bugio, sua movimentação é parecida a da vaneira. A diferença está na passagem do segundo para o terceiro movimento do passo, onde os dançarinos dão um pulinho e tiram os dois pés do chão, o chamado passo de polca. Este movimento se dá justamente quando ocorre a puxada característica do Bugio que é o jogo que o gaiteiro faz na baixaria e com o fole da gaita, tirando um som que lembra o ronco do bugio. O bugio é dançado meio de lado, imitando o caminhar típico desta espécie de macaco.
As demais danças citadas a baixo são todas importadas e sofreram a regionalização Rio grandense.
Vaneira:
Origem da Habanera que é uma dança lenta em 2/4, originaria dos negros de Cuba e Haiti, exportada para a Espanha de onde veio ao Brasil, inundando o país em 1866. É uma aculturação dos ritmos afros pelos cubanos. A Vanera no Rio Grande do Sul é uma música de andamento moderado com passos duplos para ambos os lados. A Vanera conquistou um espaço privilegiado nos bailes gaúchos, sendo hoje, presença marcante e obrigatória em qualquer Fandango. Seu andamento mais rápido caracteriza o chamado Vaneirão.
Xote:
Segundo Baptista Siqueira, a Schottisch entrou no Brasil no início da década de 1850, difundindo-se pelo país. Segundo o Grove´s Dictionary of Music and Musicians (5ª ed. 1955), esta é uma dança de procedência francesa com nome escocês. O compasso do Schottisch é binário ou quartenário e sofreu aqui algumas mudanças que são naturais a qualquer manifestação cultural que tenha migrado de um continente a outro com características distintas. No Rio Grande do Sul o xote dá condições a que os pares dancem de maneira figurada realizando as mais variadas coreografias com vivacidade e alegria. É um gênero indispensável nos bailes gaúchos. O Xote chegou ao território Brasileiro e foi sendo moldado de região pra região sendo que no Nordeste o ritmo inspira muita sensualidade em seus movimentos, lá o ritmo se mescla ao forro e o baião tendo figuras nacionalmente conhecidas como Luiz Gonzaga.
Milonga:
Dança urbana de Buenos Aires, da mesma geração do Tango, mas com melodia e ritmo brejeiro. muito apreciada nos bailes rio grandenses pode falar de temas de amor ou cantar a lida de campo e seu cotidiano. A execução ao violão, já não é arpejada como antigamente, mas rasgueada como no Tango dando assim um ar mais bailável. “Milonga ritmo que pulsa no coração do Pampa”. A palavra Milonga é de origem Bantú (povo que se localiza entre o Congo, parte da Angola e Zaire). Na África designa-se “Milongo” como um feitiço de amor, que as moças utilizam para atrair seus pretendentes. Costuma-se dizer: – Essa menina me fez um Milongo! A apresentação da Milonga em versos é feita de várias maneiras, sendo elas em quartetos, sextilhas, oitavas e décimas. No Rio Grande do Sul dança-se com dois passos e uma marcação.
Rancheira:
É uma versão nacionalizada da Mazurca (Dança de origem polonesa) na Argentina, Brasil e Uruguai. … No estilo da fronteira dança-se a Rancheira bem marcada com batida de toda a planta do pé no chão, assemelhando-se assim os movimentos dos pares a um valseado. O gaiteiro quando toca segura mais a nota musical, dando mais extensão à nota. Liga (Legatto = ritmo constante). … Na serra difere do estilo fronteiriço apenas na forma de executar, pois dança-se bem rápido e puladinho com acentuada marcação de todo o pé no tempo forte da música (1º tempo). O gaiteiro serrano faz uma sequência com interrupção da nota musical. (Stacatto = ritmo alternado)”. A quem diga que a rancheira é uma valsa abagualada.
Valsa:
É uma dança de compasso ternário (ritmo) (3/4) com origem em danças camponesas tradicionais austríacas. Durante meados do século XVIII, a “allemande”, muito popular em França, já antecipava, em alguns aspectos, a valsa. Carl Maria von Weber, com as suas “Douze Allemandes”, e, mais especificamente com o “Convite à dança” (também conhecido por “Convite à valsa”), de 1820, pode ser considerado o pai do gênero. Originalmente dançada como uma das figuras da contradança, com braços entrelaçados ao nível da cintura, tornou-se logo uma dança independente com contato mais próximo entre os parceiros. No fim do século XVIII a antiga dança campesina passou a ser aceita pela alta sociedade – especialmente pela sociedade vienense. A palavra tem origem no alemão Walzen, que significa girar ou deslizar. É uma dança de compasso ternário (3/4) com acento no primeiro tempo e um padrão básico de passos-passo-espera, resultando em um deslizar vivamente pelo salão. A valsa chega ao Brasil com a corte portuguesa em 1808, e seria a dança de salão de preferência da elite do Rio de Janeiro até a chegada da polca em 1845. No Rio Grande do Sul a forma de dançar não ganhou muitas modificações, mas no quisito musica, as mesmas foram encorporadas com letras que falam do homem campesino e todo seu valor.
Chamamé:
Em Guarani quer dizer Improvisação. Chegou no Brasil pelo Rio Uruguai e sendo difundida pelas rádios argentinas no interior do Rio Grande do Sul, dando a conhecer valores como Ernesto Montiel e Tarragó Ros (pai) e muitas outras “legendas do Chamamé”. Paixão Cortes e Barbosa Lessa em seu livro “Danças e Andanças da Tradição Gaúcha” nos diz que esta dança Correntina teria nascido da velha Chamarrita do RS, introduzida pelos açorianos. Na realidade “el Chamamé” chegou para fazer parte de nossa cultura. Podendo ser dançado aos pares ou sapateado em sua origem, o chamamé no Rio Grande do Sul se diferenciou na maneira que os bailadores deram a este ritmo. Importante ressaltar é a versatilidade deste gênero, que vai desde um calmo chamamé- canção em tom maior ou menor, a um chamamé bem bagual em andamento bastante rápido quase uma polca. Seu passo enlaçado pode ser ternário (3×3) se assemelhando ao passo de rancheira ou passo único sendo um pra cada lado (1×1). Vinculado ao chamamé está essa manifestação denominada “Sapukay” que nada mais é que o grito dado espontaneamente pelos chamameceros no momento em que lhes dá gana ou no final de cada tema.
Nas danças de salão são sete os ritmos considerados; porem outros ritmos também podem ser apreciados em um salão de bailes ou mesmo CTG´s. São eles… Tango, Chamarra, Chamarrita, Polca, marchinha, rasguido doble, valseado…
Já danças Folclóricas, são executadas em rodeios artísticos e eventos grandiosos como Fenart ( Festival Nacional de artes e tradições) e um dos festivais mais esperados do ano o ENART (encontro de artes e tradições, que acontece sem Santa Cruz do Sul – Rs sempre no mês de Novembro).
Das tradicionais estão enumeradas em mais de vinte danças e cada uma tem sua musica de execução e regras formuladas pelos MTG´s de cada região a fim de manterem vivo o folclore desta região do país. Algumas das danças são; Pezinho, Pau de Fitas, maçanico, chotes Carreirinha, chotes duas damas, chotes sete voltas, chotes Inglês, Chotes quatro passi, Chimarrita, Chimarrita balão, cana verde, Caranguejo, Tatu de castanhola, Tatu com volta no meio, Quero-mana, Rilo, Rancheira de carreirinha, Tirana do Lenço, Roseira, Sarrabalho, Chico do patateado, Meia-Canha, Balaio, O Anu…
Dentro do folclore ainda podemos ver a Chula, que mais que uma dança é um desafio de sapateados. A palavra chula veio de Chuliar (costuras improvisada feitas nas roupas dos farrapos; Trançar a agulha de um lado para o outro no tecido). Desta forma os chuliadores, chuliam em uma lança mostrando destreza em seus sapateios, a apresentação pode ser feita em disputa sendo um peão contra o outro ou em grupos, vários peões executando um determinado sapateado.
Nas danças Birivas tem tambem a dança dos facões muito apresentada na cultura gaúcha, mas que também faz parte do folclore do Mato Grosso do sul.
Voltando a falar de dança de salão o que se vê em casas gaúchas é “pouco” diferente do que se vê em CTG, lugares onde se preserva o tradicionalismo.
Antonio Augusto Fagundes referindo-se a tradição diz:
“Em Direito, tradição significa entrega, tradição quer dizer o culto dos valores que os antepassados nos legaram. Todo o grupo social, toda a nação tem sua própria escala de valores e é essa escala que torna os povos distintos entre si.”
Pesquisador e autor de parte do texto inserido: Luiz Cesar Branco
Fontes: Comparação e informações de sites gaúchos, conhecimento adquirido do convívio com a cultura e leituras diárias sobre o tradicionalismo. Informações absorvidas visitando eventos como Rodeios Crioulos, campeiros e artísticos. Conhecimentos adquiridos também em salões de bailes ficando assim mais fácil efeito comparativos.
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