sábado, 28 de abril de 2012

Tropeiro e Tropeirismo

Algumas imagens da IIª Tropeada Cristóvão Pereira de Abreu nos Campos de Cima da Serra Gaúcha. Dia 14 de abril. Travessia do Rio Tainhas no Passo do "S", divisa entre os municípios de São Francisco de Paula e Jaquirana/RS. Foto de Luciana Heitelvan de Taquara/RS.
Tropeiro é a designação dada aos condutores de tropas, assim designadas as comitivas de muares, e cavalos entre as regiões de produção e os centros consumidores, a partir do século XVII no Brasil. Mais ao sul do Brasil, também são conhecidos como carreteiros, pelas carretas com as quais trabalhavam.
Cada comitiva era dividida em lotes de sete animais, cada um aos cuidados de um homem que os controlava através de gritos e assobios. Cada animal carregava cerca de 120 kg e chegava a percorrer até 3.000km.
Num sentido mais amplo também designa o comerciante que comprava tropas de animais para revendê-las, e mesmo o "tropeiro de bestas" que usava os animais, para além de vendê-los, transportar outros gêneros para o comércio nas várias vilas e cidades pelas quais passava.
Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre sí, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro.
Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil. As cidades de Taubaté, Sorocaba, Viamão, Santana de Parnaíba, Castro, Cruz Alta e São Vicente são algumas das pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros.

Mesmo em 2011 tropeiros atuam em algumas regiões do Brasil, como os que transportam queijos e doces da região de ´Itamonte-MG para Visconde de Mauá-RJ.[1]

Comércio

Antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros, nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição. As regiões interioranas, distantes do litoral, dependeram durante muito tempo desse meio de transporte por mulas. Desde fins do século XVII, as lavras mineiras, por exemplo, exigiram a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho, tratantes ou viandantes, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio de escravos, alimentos e ferramentas dos mineiros. Longe de serem comerciantes especializados, os tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas, vestimentas etc. A existência do tropeirismo estava intimamente relacionada ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, com destaque para a Estrada real -- via pela qual o ouro mineiro chegou ao porto do Rio de Janeiro e seguiu para Portugal. O constante movimento, o ir-e-vir das tropas, não só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução econômica do tropeirismo.

Os tropeiros transportavam uma grande variedade de mercadorias como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, bacalhau, peixe seco, queijo, manteiga, biscoito, passas, noz, farinha,gengibre, sabão, fruta seca, chouriço, salame, tecido, alfaias, marmelada, coco, carne seca, algodão, sal, vidro para janela, etc.

Tropeirismo do Brasil

O tropeirismo, cujo termo deriva de tropa, foi uma atividade itinerante desenvolvida por grupos de homens, os tropeiros durante a época colonial do Brasil. Os tropeiros conduziam o gado, do Rio Grande do Sul para Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo, levavam consigo bens essenciais para o interior. A criação de gado no Rio Grande do Sul começara com o estabelecimento das missões jesuítas. A catequização dos índios Guarani nas missões não teve êxito e os missionários mudaram-se para o nordeste do território. Para trás ficaram os rebanhos que desde logo atraíram a atenção daqueles que vinham ao Rio Grande do Sul em busca de escravos. 
Quando no século XVII começou a corrida ao ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, os que para aí foram, dedicavam todo o seu tempo à mineração. Nem mesmo os escravos eram dispensados para a lavoura. Assim a importação de bens essenciais tornou-se imperiosa e os tropeiros passaram a abastecer a região de gado, alimentos e produtos manufaturados. O tropeiro conduzia o gado por trilhas conhecidas mas mesmo assim as viagens podiam durar várias semanas. Mais tarde, no século XVIII, a sua atividade estendeu-se aos territórios de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro.
A figura do tropeiro, à maneira do gaúcho das pampas da Argentina ou do Uruguai, identificava-se pela sua vestimenta adaptada à viagem árdua: manta, camisa de flanela, chapéu e botas que o protegiam das vicissitudes do clima. Acampava todas as noites protegido apenas pela manta e pelas tendas feitas de couro. Cozinhava ainda a sua refeição na fogueira que o aquecia. O tropeiro foi fundamental para fomentar o desenvolvimento do interior e estimular a fixação das populações.

A referencia mais antiga sobre o inicio da profissão do tropeiro vem de Santa Catarina, dia 26 de abril é o Dia do Tropeiro no Estado de Santa Catarina. Foi a data da morte, em 1733, do padre Cristóbal de Mendonza e Orelhana, primeiro tropeiro brasileiro vindo do pampa argentino, em 1732, com destino no Rio Grande do Sul, chegando em Santa Catarina no ano seguinte.

Durante 250 anos os tropeiros foram responsáveis por toda a comercialização e transportes de produtos e informações no Brasil.

Pousos eram os locais onde os tropeiros descansavam. Normalmente eram casa de pau-a-pique, construções simples com telhado de palha, sustentado por pedaços de madeira enterrados no chão, normalmente com um pasto para as mulas. Assim como toda profissão tem a sua principal feira de negócios, com as tropas não era diferente. Sorocaba foi durante muito tempo a Meca dos Tropeiros, a vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba teve seu crescimento atrelado ao tropeirismo. As feiras anuais, entre os meses de janeiro e maio, atraíam muitos tropeiros do sul do Brasil, que vendiam suas tropas de bestas a paulistas, mineiros, cariocas e baianos.

Tropa de Mulas

1 comentário:

JKL ARTE disse...

O irmão da minha vovó, Zelmira Zappa, era um tropeiro, que trazia o gado da Argentina, pela rota, do Paraguai, o bem la encima pela tripla fronteira, indo ao Mato Grosso do Sul. Assim foi, que ninguém ficou sabendo nada mais dele. Eu acho pelos anos 1910 ao 1920 (datas tentativas). O sobrenome dele era Zappa. Sim alguém souber da historia, dessa época, estarei muito grato, proporcionarem informação. Meu nome e Juan Carlos Rolón Martín (juank457@hotmail.com), pela parte do meu pai, meus sobrenomes são, Rolón Zappa.Faz dois anos e sete meses, estou morando no estado de Sao Paulo, na cidade de Ubatuba, e quero saber sim tenho familia pelas terras brasileiras. Grato. Obrigado, espero resposta.

Enviar um comentário