segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Revolução Farroupilha e as marcas na memória

A história do cavalo é a própria história do Rio Grande do Sul, pois essa pátria foi demarcada a pata de cavalo.
Tudo começou com a chegada de Vitoriano José Centeno, no ano de 1742. Português nascido na Freguesia de São Julião, em Lisboa, Vitoriano aportou nestas terras a bordo da expedição do Brigadeiro Silva Paes. Viria a casar com Faustina Maria de Jesus Azambuja, neta de Jerônimo de Ornelas, conhecido como o “fundador de Porto Alegre”. 
Até hoje estes nomes apresentam-se como um registro na memória da natureza, deslumbrando-se através do Pontal do Vitoriano, situado à beira da Lagoa dos Patos, lugar que as cartas náuticas denominam como sendo o “banco Dona Maria”. 
Vitoriano e Maria tiveram quatro filhos - Boaventura, Ana, Faustina e Antônio José. Podemos destacar entre eles Boaventura José Centeno, o qual casou-se com Antônia Gonçalves da Silva (irmã do General Bento Gonçalves da Silva-o comandante da Revolução Farroupilha – e filha de Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua da Costa Meireles). 
As estâncias de gado eram também charqueadas . O charque era a moeda forte da pecuária e isso moveu, com o tempo, os estancieiros a se rebelarem contra as sanções aplicadas pelo império, gerando forças para lutarem por uma república independente. É daí que nasce a luta dos Farrapos contra o Império.
A Cabanha do Pontal está situada nesta região onde residia Bento Gonçalves da Silva, na Estância do Cristal. Mas um dos pontos estratégicos para o controle das tropas do império era a Lagoa dos Patos. Assim, na beira da estrada que vai até a Pontal, uma placa registra a chegada do General Francisco Pedro de Abreu e as tropas imperiais, no dia 16 de abril de 1839, para um ataque ao estaleiro Farroupilha situado da Barra do Camaquã. 
Nesta época de guerras e escaramuças, valia uma lógica: quem tinha cavalos, tinha poder e liderança. O próprio Vitoriano chegou a ter 1.500 eqüinos nestes campos. João Máximo Lopes, pesquisador e membro do Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã (NPHC), lembra que as fazendas chegavam a ter mais cavalos do que gado. “Quem tinha cavalos poderia montar um exército”, explica. 
Estes cavalos montados por bravos guerreiros deixaram saudades em Giuseppe Garibaldi , que numa carta a Domingos José de Almeida escreve: “Quantas vezes tenho desejado nestes campos italianos um só esquadrão dos vossos centauros”. Tal carta foi registrada no livro “A História da Revolução Farroupilha”, de Morivalde Calvet Fagundes. Garibaldi mandou a correspondência da Itália, quando lutava pela unificação do país, pois mantinha viva, na memória, a epopeia farroupilha. 
As fazendas permanecem como testemunhas da história. A Fazenda da Quinta, a Fazenda do Brejo, a Flor da Praia, os campos das antigas sesmarias, atualmente estão divididas e possuem outros proprietários. Mas as idéias que moveram tropas e transformaram a história do Rio Grande atravessam gerações a cada vez que é recontada a saga dos Farrapos. A chama desse passado segue viva por aqui.
Matéria do site da cabanha Pontal, que além de criar belos cavalos crioulos, ainda guarda a história do Rio Grande do Sul - Veja o site: http://www.cabanhadopontal.com.br/php/historia.php

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