sábado, 2 de novembro de 2013

Sant’Ana do Livramento inaugura “Monumento a Paixão Côrtes”

Nesta quarta-feira, dia 06/11/2013, às 10 horas, será inaugurado o “Monumento a Paixão Côrtes”, em homenagem ao ilustre santanense. O Monumento está localizado na entrada da cidade de Sant’Ana do Livramento, na bifurcação (trevo) das Avenidas João Belchior Goulart (BR 158) e a Avenida Dom Pedro II, próximo ao módulo da Brigada Militar.

A OBRA E O ESCULTOR

Este monumento, consiste em um pedestal com degraus de acesso a estátua, de cerca de 3,5 metros, reproduzindo a figura atual do folclorista, de corpo inteiro com roupas regionais, em saudação hospitaleira aos visitantes da cidade. 

A obra artística é do consagrado arquiteto e virtuoso artista plástico Sérgio Coirolo (sergiocoirolo.blogspot.com.br), figura entre os grandes nomes da arte contemporânea. As obras do artista estão espalhadas em galerias, coleções particulares e ao ar livre pelo Brasil e pelo mundo. Tendo exposto seus trabalhos em Florença, Itália, berço do Renascimento Artístico e a "Meca" da arte escultural. Cidades como Florianópolis, Bagé, Dom Pedrito, Cruz Alta, Mostardas, Melo (Uruguai), Palmeira das Missões, Aceguá e Trás os Montes em Portugal tem a honra de possuir trabalhos do magnífico artista gaúcho. 

Destaque-se entre mais de cinquenta bustos criados pelo talentoso escultor gaúcho, o do líder trabalhista e ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel de Moura Brizola Leonel Brizola na praça Albino Hillebrand, em Carazinho. Têm em suas fantásticas e colossais esculturas expostas em logradouros públicos do Rio Grande do Sul, o “Monumento ao Soldado Farroupilha Desconhecido”, em Rio Pardo, e o “Monumento à Paz Farroupilha”, em Dom Pedrito.

Coirolo, atualmente residindo em Florianópolis, fez questão de, portanto os esboços iniciais da estátua, deslocar-se a Porto Alegre para ouvir Paixão Côrtes. Teve acesso ao acervo fotográfico, como base documental de diferentes épocas do pesquisador gaúcho. Mesmo a distância, este diálogo manteve-se frequente, possibilitando a troca de opiniões de detalhes e oportunizando ao escultor captar, junto ao folclorista, seu modo de sentir mais natural. A hospitalização do folclorista, no final de 2012, dificultou estas conversas enriquecedoras.

O PROJETO

A partir de um dialogo entre Rui Francisco Ferreira Rodrigues, Patrão do “CTG Presilha do Pago” e Coordenador da 18ª Região Tradicionalista, e Duda Pinto, o jornalista do periódico santanense “A Platéia”, surgiu a ideia de um monumento que retratasse Paixão Côrtes, nos dias de hoje. 

O objetivo era realizar, com a presença de Paixão Côrtes, uma homenagem pelo trabalho desenvolvido durante toda sua vida como folclorista e tradicionalista, tanto de fixação dos elementos formadores da identidade gaúcha, quanto de valorização e divulgação desta cultura nos mais diferentes momentos e rincões brasileiros e mundiais, que suas andanças e mensagens puderam alcançar. Ao mesmo tempo buscava eternizar, em bronze, o “Gaúcho da nossa Fronteira”, reconhecendo em Paixão Côrtes, a representatividade deste modelo. 

Concebida como duas obras, o Monumento e o Memorial Paixão Côrtes, está realizando-se a fase do Monumento. 

Há de reconhecer-se que esta realização é fruto de quase 03 anos, de insistência e persistência de Rui F. F. Rodrigues, que trabalhou para a aprovação do projeto no Pró-Cultura RS da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

A construção do Monumento é resultado da mobilização da sociedade santanesense. A produção cultural, através da Lei de Incentivo a Cultura, aprovada em 2012, têm como CTG Presilha do pago como produtor cultural sob coordenação de Rui F. F. Rodrigues.

Para concretizar esta realização do CTG Presilha do Pago, Rui e sua esposa Andréa, tiveram desde o início apoio da Prefeitura de Sant’Ana do Livramento, pelo Prefeito Wainer Machado (gestão 2009-12), e da ATSL – Associação Tradicionalista de Sant’Ana do Livramento que se responsabilizaram pela manutenção da limpeza e iluminação do monumento.

O Projeto da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) obteve apoio financeiro da comunidade empresarial da cidade através da Righi Supermercados, da ALF – Augusto Leonel Fernandez, e da Recofran Alimentos. 

PAIXÃO CÔRTES E SANT’ANA DO LIVRAMENTO

João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, nasceu a 12 de julho de 1927, na cidade de Santana do Livramento. Filho de Júlio Paixão Côrtes e de Fátima D’Ávila Paixão Côrtes, tem suas heranças ligadas à vida pastoril em sua terra natal, onde desde pequenote oportunizou um vivenciar espontâneo das lides campeiras. 

Acredita que seu interesse artístico, está ligado ao de seu avô João Pedro Rodrigues D’Ávila, fazendeiro e gaiteiro de ocasião, no famoso “Rincão dos Ávila”, no Cerro Chato, interior de Livramento.

O próprio Paixão costuma dizer: “lá, se tu reboleares um laço de armada grande e de muitas rodilhas, e atirares à ‘campo-fora’ e laçares um bojo de uma macega, pode ‘cinchar’ que vem junto um ÁVILA, tocando ou cantando... Eu sai dançador...”

Sua vida escolar iniciou em Livramento nos Colégios Rivadavea Corrêa (localizado antigamente na “linha divisória”) e dos Maristas, foi interrompida quando as atividade profissionais de seu pai, Engenheiro Agrônomo da Secretaria de Agricultura, mudou a família para Uruguaiana.

As raízes familiares maternas mantiveram seu vínculo pessoal com sua terra, e em diferentes momentos retornou a “Sant’Ana” (como se refere à cidade) para convívio familiar. 

Com a perda do pai, ainda na adolescência, retornou de Porto Alegre, período em que teve suas primeiras experiências artísticas de palco, ora no conjunto musical “Amigos de Onça”, ora fazendo a animação e locução de festas.

Foi na sua terra natal que participou do seu primeiro programa radiofônico gauchesco na Rádio Cultura (rádio limitada ao perímetro urbano), com Orlando Simas, Teresa Almeida e Enio Simões, em 20 de setembro de 1948. 

Na experiência dos seus 86 anos, entende que estes primeiros passos foram fundamentais para que posteriormente pudesse estar, na década de 50, fazendo programa de auditório em rádios, e atuando em palcos da Europa. 

Sua atuação como pesquisador, como artista, como Engenheiro Agrônomo, entre outras atividades, oportunizou inúmeras vezes a sua presença no município. 

Em um momento estava em Sant’Ana como pesquisador da religiosidade rural riograndense, no inicio da década de 60, observando “os capelões” e seus “terceros” puxando terços, registrando documentalmente em seu livro “Folclore Gaúcho” (1984, reeditado em 2006).

Em outro momento retorna para lançar o “Festival do Cordeiro e do Vinho”, para lançamento do “Parque Eólico do Cerro Chato”, para visitar o Museu David Canabarro, ou para encontrar o tronco da Família D’Ávila.

Ainda, em atividade profissional visita produtores rurais e o parque industrial do município como Ovinotecnista da Secretaria da Agricultura/RS e classificador de lã.

Sempre encontrando na cidade, amizades profundas e, aproveitando para descobrir, imagens de sua infância e adolescência na “Praça dos Cachorros” ou na “Praça Internacional”. 

Entre os fatos a destacar-se está o de outubro de 1948, quando a entrevista de Belmira Garcia Labarthe a qual conheceu, em 1870, José Hernandez, autor de Martin Fierro, quando de sua hospedagem em Livramento. Possuindo em seu acervo, livro autografado pela Sra. Labarthe na ocasião. Este fato tem uma importância pessoal, pois nasceu na casa onde está registrada como local de estada de José Hernandez.

Sentiu o reconhecimento pessoal de sua cidade, em 1987, durante a Semana de Livramento, quando foi recepcionado calorosamente por uma multidão e uma centena de cavaleiros, recebendo do executivo simbolicamente as “chaves da cidade”. Pode cumprimentar pessoalmente este grupo cavalariano.

Igualmente, foi recebido carinhosamente pelos santanenses, em 2007, na semana da cidade, que recebeu o título “Livramento é toda Paixão”, realizando diversas atividades culturais. 

Sua intensa vivência com a comunidade santanense levou, em 2012, a Escola de Samba Tradição homenageá-lo com o desfile carnavalesco “A Tradição canta e dança com Paixão”.

Paixão Côrtes, ainda, mantêm sua vida múltipla atividade produtiva, publicando e doando gratuitamente 350 mil edições de suas pesquisas para escolas públicas, universidades, bibliotecas e Centro de Tradições Gaúchas. 

Sempre em sua redobrada atividade nos meios de comunicação, em programas de rádio, televisão e cinema, e nas suas atividades artística, que o levou por oito vezes por palcos europeus em universidades de Paris e Londres, onde ampliou suas investigações em museus do velho continente, levou consigo os hábitos, maneira e costumes do Rio Grande do Sul e da cultura da sua gente, da sua Sant’Ana do Livramento.

Sempre onde esteve Paixão Côrtes teve como referência de existência a sua terra natal: “sou cria de Sant’Ana do Livramento, e me orgulhos disto”.

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