quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra

Nossa modesta homenagem a todos os irmãos negros, humilhados, ofendidos, discriminados, açoitados pela vida e pelo olhar de tantos, mas que lança na mão ergueram essa Pátria na coragem, no brio e na força, mesmo sendo escravizados pela ganância de homens brancos. Que esse dia 20 de Novembro, dia da Consciência Negra e tomara que a humanidade tenha mais consciência do que fizeram e o que ainda fazem de discriminação aos seus irmãos.

Deus Negro!
Paulo Ricardo Costa

Sim... Sou negro, sim!
E já nasci dessa cor;
Venho do clã de uma raça,
Que me orgulha alma e sentimento,
Pois passaram por algum tempo...
Escravos do próprio preconceito,
Perderam a vida e o direito,
Que faz um ser humano, feliz!

Sou negro, como tantos outros,
Que ergueram campos e cidades,
Que trazem marcas no corpo...
Das correntes e dos açoites...
Sou negro como as noites...
Que tu te encanta ao vê-la,
Que dá espaço às estrelas,
Por pensar em igualdade!

Sou filho dos porões fétidos,
Dos navios de gente branca,
Minha carne sofre na dor...
Dos ferros que cortaram pulsos,
Das lâminas que furaram olhos,
Das chibatas e das correntes;

Tenho olhos marejados de dor,
Dos que morreram em senzalas,
Erguendo na força do braço...
Um País que os escravizou;
E quantos de lanças nas mãos,
Pelearam pelas coxilhas...
Na busca da liberdade,
Que "Porongos",condenou!

Sim... sou negro sim!
E tenho orgulho de mim,
E já fiz história no tempo,
Erguendo guetos e favelas;
Dando aconchego para os filhos,
De pele branquinha, de olho azulado,
Que saciaram a fome num seio farto,
De uma negra que nem lembrarem mais!

Carreguei no ventre filhos mestiços,
Dos estupros e humilhações...
Dei amor aos filhos alheios,
Buscando curas nas orações;
Fiz rezas e benzeduras,
Paguei promessas que não eram minhas,
E saciei a fome de bocas famintas,
Com o pouco que eu nem tinha!

Sou negro, sim...
Como tanto dos meus...
Onde o poder da mão branca,
Humilhava, condenava, matava,
E jogava como um trapo velho,
Nas valetas sujas de sangas rasas;
Depois esfregava sua consciência imunda,
Nas rezas para o seu Deus!

Não sabem eles, meus senhores!
Que o mundo carrega essas dores,
Em cada um que se acovarda...
Em cada palavra que fere...
Em cada olhar que castiga...
Em cada mão que chibata...
Porque o tempo passa,
As feridas fecham...
Mas as cicatrizes não deixam esquecer;

E chegará o dia de um juízo final,
De prestar conta diante dos seus,
E todos que lavaram as mãos...
Penarão nas sentenças de Deus;
E quem sabe seus olhos de espanto,
Boca imunda dos pecados e segredos,
Dar-se-ão por conta de sua maldade,
E em súplicas, chorarão seu fim...
Quando descobrirem, na verdade...
Que Deus é Negro, igual a mim!

Fim!

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