Todo filho do Rio Grande do Sul é chamado de gaúcho. Mas para ter a honra de assim ser chamado, com o mérito e o respeito que a palavra impõe, não basta ter nascido filho deste chão. É preciso ter orgulho de quem se é e de onde se nasceu, conhecer suas raízes, suas origens, abraçar a cultura e viver de acordo com os valores da tradição gauchesca.
Serrano ou missioneiro, tradicionalista ou nativista, nascido filho do pago ou gaúcho de coração, são todos irmãos que tem em comum o amor e o respeito por este Rio Grande forjado por lutas épicas travadas por um povo de alma guerreira, trabalhadores aguerridos que não se deixam vencer e que não deixam de lutar mesmo sendo grande e desigual.
Ser gaúcho, o que é isso?
A História do cone sul ensina que o primeiro grupo de pessoas a que foi aplicado esse termo era composto de mestiços descendentes de europeus (náufragos, degredados e desertores) e de índias das nações Minuano e Charrua. Esses mestiços eram nômades que percorriam terras que hoje pertencem ao Uruguai, à Argentina e ao Rio grande do Sul. Não eram súditos de Portugal nem da Espanha; eram homens livres no mais amplo sentido que se possa imaginar. Viviam do abate do gado selvagem, tão livre quanto eles, mas eram tidos como ladrões, pois tanto os portugueses quanto os espanhóis consideravam-se donos das terras e dos gados que nelas viviam. Esses homens foram os primeiros gaúchos. E é errado dizer que eram uruguaios, argentinos ou brasileiros porque eles antecederam essas nações.
Em um sentido meramente geográfico, aplica-se o termo gaúcho às pessoas que nascem no território do Rio Grande do Sul, independentemente da identidade cultural delas. Isto nem sempre foi assim. Houve um tempo em que os habitantes dos grandes centros urbanos do Estado, Porto Alegre principalmente, rejeitavam tanto o termo “gaúcho” quanto a cultura da bombacha.
Em um sentido geográfico-cultural, pode-se aplicar esse termo às pessoas que habitam no corredor das tropas. Este corredor cultural é composto por povoações ao longo de uma rede de caminhos por onde subiam as tropas de gado e de mulas xucras em um ciclo que durou dois séculos e que abrange uma larga faixa que passa pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e sul de São Paulo. É a zona dos birivas, uma cultura que tem traços gaúchos.
Finalmente, em um sentido puramente cultural, o termo pode ser aplicado a pessoas que não nasceram no Rio Grande nem no corredor cultural das tropas, mas que adotaram a cultura gaúcha por algum motivo. São, principalmente, os filhos dos migrantes dos estados do Sul que nasceram nos estados do Centro e do Norte e que se identificam com a cultura do Sul. Também existem aqueles que não nasceram no Sul nem são filhos de migrantes, mas que se apaixonam pela cultura gaúcha, assumindo essa identidade.
Aí está. Ser gaúcho é uma questão de identidade, mas não basta apenas sentir-se gaúcho. Ser gaúcho não é apenas um estado de espírito. É preciso agir como gaúcho em todas as situações.
“… ser gaúcho não é opção geográfica, é filosofia de vida…” Cleber Martins
Texto retirado do blog http://tradicaoeopiniao.wordpress.com
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