Assim eram as estâncias
Assim eram as estâncias...
Nos tempos de antigamente,
Quando este sul de continente,
Se perdia pelas distâncias...
Assim eram as estâncias...
De homens, tropas e campos,
Onde fios de cabelos brancos,
Valiam mais que contratos,
E chimango odiava maragato,
E maragato odiava chimango;
A vida tinha o seu preço...
E o preço de vida não se paga,
A lei era um fio de adaga...
E maula não tinha endereço,
A guerra tinha um começo,
Mas nunca havia um final,
Quase sempre o mesmo ritual,
Imperava a lei do mais forte,
A vida se pagava co'a morte,
E na morte todos são "igual";
Nos campos verdes da pampa,
Não haviam cercas ou aramados,
As coxilhas cobertas de gado...
E touros batendo guampas,
Contrastando as garças branca,
Que desenhavam banhadais,
Onde escaramuçavam baguais,
Esfogueteados de lombilhos...
E guechas amamentando filhos,
Sumidos pelos pafonais!
Na casa grande, a imponência,
Com rastros da escravidão...
Erguida em frente ao galpão,
Que ainda mantém a vivência,
Esteios da mais pura essência,
De quem faz Pátria, acavalo,
Acordando antes dos galos...
E se bandeando campo afora,
Ouvindo versos de esporas...
E tendo a pampa de regalo;
Mangueira de pedra moura,
Costeando um capão de mato...
Com aroeiras e unhas de gato,
Guanchuma, caraguatá e vassoura,
Bordada a ninhos de tesoura...
Que chegavam trazendo verão,
Um palanque cravado no chão,
Parecia estar enraizado...
De cerne puro, falquejado,
De manotaços, de redomão;
A brutalidade era uma regra...
Pra quem lidava com potros,
Largava um e pegava outro...
Que domador não se entrega,
Lanhado a tombo e macega...
Domando a mango e tirão,
Era linda a vida de um peão,
Quando doma fazia parte...
Numa gineteada por arte,
Ou só pra honrar a tradição;
Bem assim eram as estâncias,
Nos tempos de antigamente,
Foram os mais belos presentes,
Que eu tive na minha infância,
Quando eu via a importância,
Do meu avô, campesino...
Solfejando coplas de um hino,
No ponteio de uma tropa...
Ou tirando touro das grotas,
Levando ao campo mais fino;
E num socadão de rodeio...
Quando atropelava um cavalo,
Dobrando turuno a pealo...
Como o senhor dos arreios,
Sob o manto do tempo feio,
Tirando gado da enchente...
Ou pelas tardes mais quentes,
Que adormeciam tranquilas...
O Thec-thec das esquilas,
Eram cantigas pra gente;
Eta! Rio Grande, terrunho...
Que se perdeu pelo tempo,
Deixando versos ao vento,
Escritos com o próprio punho,
Nas geadas brancas de junho,
Emponchando grama e capim,
Onde o progresso deu fim...
Pelas mazelas da ganância,
Bem assim eram, as estâncias...
Nos causos contados, à mim!
Fim.
Assim eram as estâncias...
Nos tempos de antigamente,
Quando este sul de continente,
Se perdia pelas distâncias...
Assim eram as estâncias...
De homens, tropas e campos,
Onde fios de cabelos brancos,
Valiam mais que contratos,
E chimango odiava maragato,
E maragato odiava chimango;
A vida tinha o seu preço...
E o preço de vida não se paga,
A lei era um fio de adaga...
E maula não tinha endereço,
A guerra tinha um começo,
Mas nunca havia um final,
Quase sempre o mesmo ritual,
Imperava a lei do mais forte,
A vida se pagava co'a morte,
E na morte todos são "igual";
Nos campos verdes da pampa,
Não haviam cercas ou aramados,
As coxilhas cobertas de gado...
E touros batendo guampas,
Contrastando as garças branca,
Que desenhavam banhadais,
Onde escaramuçavam baguais,
Esfogueteados de lombilhos...
E guechas amamentando filhos,
Sumidos pelos pafonais!
Na casa grande, a imponência,
Com rastros da escravidão...
Erguida em frente ao galpão,
Que ainda mantém a vivência,
Esteios da mais pura essência,
De quem faz Pátria, acavalo,
Acordando antes dos galos...
E se bandeando campo afora,
Ouvindo versos de esporas...
E tendo a pampa de regalo;
Mangueira de pedra moura,
Costeando um capão de mato...
Com aroeiras e unhas de gato,
Guanchuma, caraguatá e vassoura,
Bordada a ninhos de tesoura...
Que chegavam trazendo verão,
Um palanque cravado no chão,
Parecia estar enraizado...
De cerne puro, falquejado,
De manotaços, de redomão;
A brutalidade era uma regra...
Pra quem lidava com potros,
Largava um e pegava outro...
Que domador não se entrega,
Lanhado a tombo e macega...
Domando a mango e tirão,
Era linda a vida de um peão,
Quando doma fazia parte...
Numa gineteada por arte,
Ou só pra honrar a tradição;
Bem assim eram as estâncias,
Nos tempos de antigamente,
Foram os mais belos presentes,
Que eu tive na minha infância,
Quando eu via a importância,
Do meu avô, campesino...
Solfejando coplas de um hino,
No ponteio de uma tropa...
Ou tirando touro das grotas,
Levando ao campo mais fino;
E num socadão de rodeio...
Quando atropelava um cavalo,
Dobrando turuno a pealo...
Como o senhor dos arreios,
Sob o manto do tempo feio,
Tirando gado da enchente...
Ou pelas tardes mais quentes,
Que adormeciam tranquilas...
O Thec-thec das esquilas,
Eram cantigas pra gente;
Eta! Rio Grande, terrunho...
Que se perdeu pelo tempo,
Deixando versos ao vento,
Escritos com o próprio punho,
Nas geadas brancas de junho,
Emponchando grama e capim,
Onde o progresso deu fim...
Pelas mazelas da ganância,
Bem assim eram, as estâncias...
Nos causos contados, à mim!
Fim.
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