Paulo Ricardo Costa
Não tenho a estampa torena,
Desse gaúchos de "entanho"...
Não tenho a estampa torena,
Desse gaúchos de "entanho"...
Mas conheço bem o tamanho,
Entre a grande e a pequena...
Sei, qual a ponta que enfrena,
Conheço as manhas da lida...
Dos tombos guardei as feridas,
Como marcas de uma evolução,
Aprendi na linguagem do galpão,
O que muitos não aprenderam na vida;
Sou do campo, meus senhores!
E o campo me deu o que tenho,
Basta saber de onde eu venho,
Trago a poeira dos corredores,
Conheço pelo aroma, as flores...
Conheço os pássaros, pelo canto,
Aqui, sob o azul deste manto...
Bendigo, a Pátria que trago,
Que um dia chamaram de pago,
Eu chamo simplesmente de campo;
Conheço cada palmo deste chão,
Conheço cada volta de sanga...
Já abri picadas em japecangas,
Para cruzar a tal de evolução,
No tempo em que o arrastão,
Ou uma carreta empoeirada,
Deixavam marcas na estrada,
Para o progresso apressado...
Que vinha erguendo um estado,
Que não se importava com nada;
Sou do tempo das esquilas...
O tchec-tchec dos martelos,
De desdobrar cardas e velos,
Por meia dúzia de pilas...
Depois me largar pra vila,
Com os bolsos cheio de troco,
Só pra escutar uma oito soco,
Gaguejando lá num canto,
E eu sai alisando o manto,
De uma negrinha no choco;
E na lida bruta da doma...
Quando um bocudo se pega,
Sentir o cheiro da macega,
Que as vezes muda de aroma,
Ouvindo o cantar das choronas,
Mordendo pêlo e couro...
E um mango no mesmo choro,
Vai gaguejando, na tala...
Se o campo foi feito de sala,
Me "gusta" tentiá o namoro;
Sou desta Pátria do arreio...
Criado em fundo de grota,
Que a grito e bico de bota,
Solito, para um rodeio...
Conheço o tempo que é feio,
E o campo quando é regalo,
Dobrando turuno a pealo...
Num travessão de coxilha,
Pois pingo da minha encilha,
É sempre flor de cavalo;
E na volta das recorridas...
Quando a noite se enluta,
Onde até o silêncio se escuta,
Com lágrimas de despedida,
Trazendo a barra encardida,
Para a solidão dos andantes,
As "aspas" da lua minguante,
Mostrando secura e relento,
Dando rédeas ao pensamento,
Que há tempos se faz errante;
Meu poncho, asas de noite,
É galpão, rancho e morada...
Que na solidão das estradas,
Alivia a dor dos açoites...
Meu poncho... asas de noite,
Parceiro pelas madrugadas,
Me guarda o cheiro da amada,
Pra horas que estou sozinho,
Ou limpando os beiço de vinho,
Na tua baeta colorada;
E quando a alma se aquieta,
E um sentimento me esbarra,
Pra dar de mão na guitarra,
E me fingir de ser poeta,
Que até um grilo desperta,
No Santo chão de um galpão,
E vai tenteando a situação...
Da alma xucra e terrunha,
Me vendo atracar as unhas,
E ir dando de laço na solidão;
Fim
Entre a grande e a pequena...
Sei, qual a ponta que enfrena,
Conheço as manhas da lida...
Dos tombos guardei as feridas,
Como marcas de uma evolução,
Aprendi na linguagem do galpão,
O que muitos não aprenderam na vida;
Sou do campo, meus senhores!
E o campo me deu o que tenho,
Basta saber de onde eu venho,
Trago a poeira dos corredores,
Conheço pelo aroma, as flores...
Conheço os pássaros, pelo canto,
Aqui, sob o azul deste manto...
Bendigo, a Pátria que trago,
Que um dia chamaram de pago,
Eu chamo simplesmente de campo;
Conheço cada palmo deste chão,
Conheço cada volta de sanga...
Já abri picadas em japecangas,
Para cruzar a tal de evolução,
No tempo em que o arrastão,
Ou uma carreta empoeirada,
Deixavam marcas na estrada,
Para o progresso apressado...
Que vinha erguendo um estado,
Que não se importava com nada;
Sou do tempo das esquilas...
O tchec-tchec dos martelos,
De desdobrar cardas e velos,
Por meia dúzia de pilas...
Depois me largar pra vila,
Com os bolsos cheio de troco,
Só pra escutar uma oito soco,
Gaguejando lá num canto,
E eu sai alisando o manto,
De uma negrinha no choco;
E na lida bruta da doma...
Quando um bocudo se pega,
Sentir o cheiro da macega,
Que as vezes muda de aroma,
Ouvindo o cantar das choronas,
Mordendo pêlo e couro...
E um mango no mesmo choro,
Vai gaguejando, na tala...
Se o campo foi feito de sala,
Me "gusta" tentiá o namoro;
Sou desta Pátria do arreio...
Criado em fundo de grota,
Que a grito e bico de bota,
Solito, para um rodeio...
Conheço o tempo que é feio,
E o campo quando é regalo,
Dobrando turuno a pealo...
Num travessão de coxilha,
Pois pingo da minha encilha,
É sempre flor de cavalo;
E na volta das recorridas...
Quando a noite se enluta,
Onde até o silêncio se escuta,
Com lágrimas de despedida,
Trazendo a barra encardida,
Para a solidão dos andantes,
As "aspas" da lua minguante,
Mostrando secura e relento,
Dando rédeas ao pensamento,
Que há tempos se faz errante;
Meu poncho, asas de noite,
É galpão, rancho e morada...
Que na solidão das estradas,
Alivia a dor dos açoites...
Meu poncho... asas de noite,
Parceiro pelas madrugadas,
Me guarda o cheiro da amada,
Pra horas que estou sozinho,
Ou limpando os beiço de vinho,
Na tua baeta colorada;
E quando a alma se aquieta,
E um sentimento me esbarra,
Pra dar de mão na guitarra,
E me fingir de ser poeta,
Que até um grilo desperta,
No Santo chão de um galpão,
E vai tenteando a situação...
Da alma xucra e terrunha,
Me vendo atracar as unhas,
E ir dando de laço na solidão;
Fim
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