quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Guerra Guaranítica


Nome que se dá aos violentos conflitos que envolvem os índios guaranis e as tropas espanholas e luso-brasileiras no sul do Brasil após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750. Os guaranis de Sete Povos das Missões recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul e a transferir-se para o outro lado do rio Uruguai, conforme ficara acertado no acordo de limites entre Portugal e Espanha.
GUERRA GUARANITICA
Com o apoio parcial dos jesuítas, no início de 1753 os guaranis missioneiros começam a impedir os trabalhos de demarcação da fronteira e anunciam a decisão de não sair de Sete Povos. Em resposta, as autoridades enviam tropas contra os nativos, e a guerra explode em 1754. Os castelhanos, vindos de Buenos Aires e Montevidéu, atacam pelo sul, e os luso-brasileiros, enviados do Rio de Janeiro sob o comando do general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí. Juntando depois as tropas na fronteira com o Uruguai, os dois exércitos sobem e atacam frontalmente os batalhões indígenas, dominando Sete Povos em maio de 1756. Chega ao fim a resistência guarani.
Um dos principais líderes guaranis é o capitão Sepé Tiaraju. Ele justifica a resistência ao tratado em nome do direito legítimo dos índios em permanecer nas suas terras. Comanda milhares de nativos até ser assassinado em fevereiro de 1756.
Fonte: EncBrasil

GUERRA GUARANÍTICA

As "partidas de limites" do sul foram comandadas pelo capitão-general do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, e pelo marquês espanhol, Val de Lírios. Estas comissões chegaram a constituir-se, mas logo tiveram seus trabalhos dificultados, pela oposição das populações indígenas dos Sete Povos aos destinos que o Tratado de Madrid lhes dava.
 GUERRA GUARANÍTICA
Nas palavras de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", essas missões constituíam "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso". Pelo tratado, elas deveriam ser transferidas para as margens ocidentais do rio Uruguai, o que representaria "Para os guaranis das sete reduções condenadas (...) a espoliação, a ruína e o infortúnio, a destruição do trabalho de muitas gerações, a deportação de mais de trinta mil pessoas, segundo as cifras mais modestas".
Quando os indígenas souberam o que os esperava, por decisão comum de portugueses, do rei de Espanha e da própria Companhia de Jesus, que enviou emissários, entre eles o Padre Lopes Luís Altamirano, para impor-lhes a obediência, assim se expressaram seus chefes: "Como poderá a vontade de Deus ser que vós tomeis e arruineis tudo o que nos pertence? Aquilo que possuímos é exclusivamente o fruto de nossas fadigas, e o nosso rei não nos deu coisa alguma... Não somos apenas os sete povos da margem esquerda, mas doze outras reduções estão decididas a sacrificarem-se conosco desde que tenteis apoderar-vos de nossas terras. . ."
Os jesuítas ficaram entre a cruz e a espada. Se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes. Se não se solidarizassem com eles, perderiam sua confiança. Alguns se submeteram às ordens da Coroa, outros permaneceram junto aos guaranis apenas por circunstâncias, mas outros ainda, a exemplo do Padre Lourenço Balda, cura de São Miguel, deram todo seu apoio aos indígenas e à organização de sua resistência, não se importando que recaíssem sobre eles as acusações de traidores da pátria e de culpados de crimes de lesa-majestade.
Foi à heróica resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização que se deu o nome de "Guerras Guaraníticas". Apesar da inferioridade, no tocante a armamentos e a instrução militar, resistiram a ataques isolados ou conjugados de portugueses e espanhóis até 1767, graças à sua tenacidade na luta, às táticas desenvolvidas e à condução de chefes como Sépé Tirayu e Nicolau Languiru.
Para Pombal, a resistência indígena era obra da hostilidade jesuítica. Vem desse tempo a sua Relação Abreviada da República dos Jesuítas, atribuindo a estes a tentativa de criação de um "Império Temporal Cristão" na região das missões. Em 1759 foram expulsos, por ordem do marquês, de Portugal e demais domínios do reino.
No mesmo ano morreu Fernando VI de Espanha, subindo ao trono Carlos III, que não demorou em denunciar o tratado de 1750. Gomes Freire de Andrade, que comandava as tropas coloniais portuguesas contra os guaranis, em 1761, temendo ter que enfrentar o maior peso da ofensiva indígena, retirou-se, recusando-se a receber os Sete Povos. Pombal, que tentara negociar modificações do tratado com a Espanha, não tivera êxito. Suspendeu, desse modo, sua execução, até que em fevereiro de 1761 firmou em El Pardo um novo tratado anulando o de Madrid.
A questão fronteiriça do sul continuaria, só sendo resolvida por novos acordos em 1777, Santo Ildefonso, e 1801, Badajós, que acomodariam os dois grandes impérios da América do Sul sobre as cinzas dos Povos das Missões. Estes não conseguiram resistir, e seu epílogo ainda é Darcy Ribeiro quem nos descreve: elas foram "assaltadas pela burocracia colonial, pelos assuncenos e pelos mamelucos paulistas, propositadamente desorganizadas para abolir características tidas como comunizantes. Já em fins do século XVIII, os índios missioneiros haviam sido dispersados, escravizados e conduzidos a regiões longínquas, dissolvidos no mundo dos gaúchos, ou ainda, refugiados nas matas onde se esforçavam por reconstituir a vida tribal, enquanto suas terras e seu gado passavam às mãos de novos donos".
Fonte: www.terrabrasileira.net

GUERRA GUARANITICA

Nome que se dá aos violentos conflitos que envolvem os índios guaranis e as tropas espanholas e luso-brasileiras no sul do Brasil após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750. Os guaranis de Sete Povos das Missões recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul e a transferir-se para o outro lado do rio Uruguai, conforme ficara acertado no acordo de limites entre Portugal e Espanha.
Com o apoio parcial dos jesuítas, no início de 1753 os guaranis missioneiros começam a impedir os trabalhos de demarcação da fronteira e anunciam a decisão de não sair de Sete Povos. Em resposta, as autoridades enviam tropas contra os nativos, e a guerra explode em 1754. Os castelhanos, vindos de Buenos Aires e Montevidéu, atacam pelo sul, e os luso-brasileiros, enviados do Rio de Janeiro sob o comando do general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí. Juntando depois as tropas na fronteira com o Uruguai, os dois exércitos sobem e atacam frontalmente os batalhões indígenas, dominando Sete Povos em maio de 1756. Chega ao fim a resistência guarani.
Um dos principais líderes guaranis é o capitão Sepé Tiaraju. Ele justifica a resistência ao tratado em nome do direito legítimo dos índios em permanecer nas suas terras. Comanda milhares de nativos até ser assassinado em fevereiro de 1756.
Fonte: EncBrasil
Resistência Guarani
Para entender a Guerra Guaranítica temos de lembrar as disputas entre Portugal e Espanha em relação às terras deste continente e à indefinição de fronteiras de suas colônias. A área mais conflitiva situava-se junto ao estuário do rio da Prata, onde os portugueses haviam fundado a Colônia do Sacramento, em 1680, quase em frente a Buenos Aires. A Espanha não admitia a presença portuguesa na região, sobretudo ali, que era porta de acesso às riquezas minerais do Peru.
No início do século XVIII, com a instalação de algumas vilas no Rio Grande, em decorrência do desenvolvimento da pecuária, houve um acirramento da disputa. A Colônia do Sacramento permaneceu bloqueada pelas forças espanholas por 22 meses (1735-1737). Após árduas negociações, portugueses e espanhóis assinaram o Tratado de Madrid, em 1750, que legitimava um novo território bem diferente daquele determinado pelo Tratado de Tordesilhas, aliás, nunca cumprido. Portugal cedia a Colônia do Sacramento em troca do território dos Sete Povos das Missões, na margem esquerda do rio Uruguai, onde viviam cerca de 30 mil índios que deveriam ser evacuados.
RESISTÊNCIA DOS GUARANIS
Quando os Guarani tomaram consciência do acordo entre os portugueses, espanhóis e a própria Companhia de Jesus, que havia mandado missionários pra convencê-los a aceitar o tratado, revoltaram-se. "Como poderá ser a vontade de Deus que vós tomeis e arruineis tudo o que nos pertence? Aquilo que possuímos é exclusivamente o fruto de nossas fadigas, e o nosso rei não nos deu coisa alguma... Não somos apenas as sete missões da margem esquerda, mas doze outras reduções estão decididas a sacrificarem-se conosco desde que tenteis apoderar-vos de nossas terras..." Os jesuítas ficaram num dilema. Se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes. Se não se solidarizassem com eles perderiam sua confiança. Dos quatorze jesuítas, onze permaneceram junto aos Guarani, até o fim, como o padre Lourenço Balda, que foi um dos estrategistas da resistência.
Estourou então a Guerra Guaranítica, que durou três anos, de 1753 a 1756. Sepé Tiaraju foi o grande líder a enfrentar as tropas portuguesas e espanholas, juntamente com outros caciques Guarani, como Nicolau Languiru.
Esta terra tem dono. Ela foi dada por Deus e São Miguel!
Esse grito de resistência, lançado pelos Guarani, espalhou-se por todas as reduções, que se prepararam para a guerra. A repressão foi dura, pois neste momento se uniram os exércitos portugueses e espanhóis. Mesmo com a participação direta de vários jesuítas, os Guarani não conseguiram impor-se às forças inimigas. Resistiram até 1767 graças às táticas de guerrilha.
Sepé Tiaraju foi morto numa emboscada, um dia antes da grande batalha de Cayboaté, onde morreu o líder Nicolau Languiru e mais de mil Guarani. Perdida a guerra, os indígenas e os padres abandonaram as aldeias e passaram com os sobreviventes para o lado paraguaio.
Vendo que a presença dos jesuítas dificultava o controle da região, o rei de Espanha os expulsou das províncias platinas em 1768, acabando com um trabalho de quase 160 anos em mais de sessenta aldeias cristãs fundadas nesse período.
Em 1777 foi assinado o Tratado de Santo Ildefonso, que anulava o Tratado de Madri e propunha novas fronteiras. Expulsos de suas terras, os Guarani se espalharam pela Argentina, Paraguai e Brasil, misturando-se com a população de origem européia.

Líderes da Guerra Guaranítica

Sepé Tiaraju - Corregedor da Missão de São Miguel e cacique-geral da Guerra Guaranítica, morto em 1756.
Nicolau Languiru - Corregedor da Missão de Concepción, sucedeu Sepé no comando geral da guerra. Morreu em 1756 na batalha de Cayboaté.
Cristóforo Acatu, Bartolomeu Candiú e Tiago Pindó - Caciques das reduções de São Luís e Santo Ângelo, respectivamente.
Miguel Javat - Corregedor da Missão São Luís e um dos primeiros a comandar a rebelião Guarani.
Fonte: www.terrabrasileira.net

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