quarta-feira, 20 de março de 2013

Festivais...até quando?

Há muito tempo que não venho mais falando de festivais e nem participando pois, para mim, perdeu o encanto do que sempre ouvi, assisti e sonhei com os festivais e não vou entrar nos detalhes dos "porquês".
Dando uma passada pelo face, vejo que muita gente, também está sentindo essa mesma sensação e acredito que os festivais terão que reverem seus conceitos ou certamente que irão acabar, pois há cada ano, morre uma dezena de festivais.
Vejas o que alguns músicos escreveram sobre os festivais:
"NÃO SOU DE ME MANIFESTAR EM VERSOS
MAS DESTA VEZ É MUITO DIFERENTE,
A PARCERIA ANDA POR DEMAIS INDOIDADA
POR ISSO MINHA OPNIÃO SALTOU DE REPENTE.
DIZEM QUE OS FESTIVAIS PERDERAM O RUMO
ESTÃO NAS MÃOS DE POUCOS ARTISTAS,
E É POR ISSO QUE NOSSAS VOZES NÃO CALARÃO
E DEFENDERÃO SEMPRE OS NATIVISTAS.
A ESCRIBA CAMPEIRA OU MANIFESTAÇÃO
A MAIORIA SABE E TIRA DE LETRA,
SÓ UMA CERTEZA EU TRAGO COMIGO
- QUEM CONHEÇE A LIDA, FAZ UMA OBRA BEM FEITA".

Flávio Sartori

Cesar Godoy Viana É o preço que se paga, apostar em grandes encontros que dão premiações em detrimento a participação, pura, simples e bela. Conheço alguns que trocariam seus vários troféus em troca de uma participação sincera, honesta .....

Geraldo Trindade Cantautor Poizóia, entendo o sentimento de frustação por não classificar nenhum trabalho enviado à triagens, porque vivo há mais de duas décadas essa sensação. Por outro lado, em anos seguidos marquei presença em nove de cada dez eventos. Depois me afastei da lida e, hoje, passo alguma coisa, lá de vez em quando, até porque nem tenho mandado nada. Não sou ingênuo a ponto de acreditar que nunca ocorre de um júri formado por pelo menos três amigos não vá procurar beneficiar alguém. Como tambem não sou ingênuo para crer que sempre há esse benefíco, em todos os júris, em todos os eventos, a cada triagem. É absurdo acreditar que nunca ocorre e que sempre ocorre, em igual proporção. O que eu observo é que as Comissões Organizadoras, que convidam os jurados, por vezes convidam um ou dois e lhes pedem indicações de nomes para as outras vagas. Bueno, humanos todos somos, com vergonha na cara nem todos... Uns poucos vão indicar só os camaradas, e aí fecham a tampa da panela. Creio, pelo que conheço das pessoas que fazem desse metier seu modo de vida, e há muitos anos, que a maioria indicará conhecidos, claro, pois que quase todos nos conhecemos, mas estarão preocupados com a capacidade de julgamento, o conhecimento lítero-musical e da cultura sulamericana de alguém com quem terá que contrapor idéias e argumentos. Já fui jurado por diversas vezes, e não poucas fui protagonista de debates até acirrados em rodadas de triagem. E as vezes seria mais fácil acordar com o parceiro de júri: - tá, voto contigo nessa e tu me vota naquela outra. Mas isso não ocorre, nunca vi ocorrer, não entre homens e mulheres que se sentam com o firme propósito de ouvir miles de letra e música para escolherem tantas para ir a palco. Não é fácil, senhores, les garanto! O meu querido amigo, parceiro barranqueiro, Sadi Ribeiro, citou o resultado do Canto Missioneiro. Pois acho eu que foi um dos melhores conjuntos de jurados dos últimos tempos, dada sua ecleticidade (se é que existe este termo)! Um júri eclético, com poetas, melodistas, instrumentistas, cantores e compositores, cada um de linha mestra diferente, com conhecimentos de campo e cidade, de pátria gaucha e gaúcha, de cordas e foles, todos sem ligação direta recente, mas com histórias em comum... um baita júri, à toda prova, na minha opinião, blindado à qualquer idéia de conchavo, panela ou congênere. No entanto, o resultado que surge da triagem faz com que se duvide de sua idoneidade... Não se me afigura justo duvidar da lisura, pois eu não estava lá, e se mandei trabalhos foi por que quis, antes de tudo, e, ainda, por confiar entregar minhas obras à avaliação de outrem, nem sempre na certeza de que enviei o meu melhor, e jamais com a pretensão de que não haverá obra mais linda do que a minha, que a minha obra tem obrigação de ser classificada, de tão boa que é. É um assunto muito delicado, pois envolve, antes de tudo, não conhecer as pessoas que compõem um corpo de jurados qualquer, saber de seu caráter, de sua índole, de seu conhecimento de causa, mas, isso sim, o pecado maior, o descuido das comissões, que não buscam se informar de sua capacidade para julgar trabalhos alheios, sua capacidade como literato, não poeta, apenas, sua capacidade como musicista, não como executante de instrumento ou cantor, sua capacidade e conhecimento de harmonia e improvisação, não seu talento como melodista. Aí acho válida a discussão. Cansei de digitar...

Cristiano Viégas Medeiros Pois é o problema de reclamar e citar é pode se complicar... Mas eu já vi jurado classificar musica que estava largamente difundida na internet e nem se dar conta e o autor retirar a obra após ser publicada como classificada, e algum tempo depois eu perguntar para o autor porque ele mandou tal musica se era ganancia ou o que? (eu me dei conta que a musica não era dele e outros amigos musicos também) Ele respondeu que era para ver a capacidade dos jurados, depois saiu rindo e nunca mais falei disto mas agora resolvi comentar só para dar ma ideia....

Caine Teixeira Garcia escreveu bastante Geraldo Trindade... penas que as queixas não são de agora... como já disse antes, não obstante tua longa observação, o sistema sustenta vícios... e ninguém está magoado ou chateado por não passar neste ou naquele festival... ninguém quer - e nem precisa - provar nada prá ninguém...existe todo um contexto abrigado no desgosto que, pelo visto, não é de poucos... reune os de ontem, os de hoje e, ainda, os que querem vir...

Moacir D'Ávila Severo A culpa de estar acontecendo estas mazelas com eçou quando colegas de arte começaram a usar estes eventos culturais como ganho de vida. Podemos ser profissionais, mas não depender somente de festivais para sobreviver. Não foram criados com esse fim. Foram criados para que levássemos a público a nossa inspiração cultural. Temos de usar estes festivais como vitrine para grandes contratos de apresentações, aí sim, para ganhar dinheiro. A ajuda de custo é para mostra da arte, não para sobreviver.

Cesar Godoy Viana Ouvindo a música, se não estou enganado, "È festival", cantada pelo grande Vitor Hygo a gente vê que faz tempo que este sentimento permeia os festivais. Quem chora e quem sorri. Penso que as PREMIAÇÕES criaram um clima que atiçou uma disputa que o real sentimento dos festivais não visava. Entendo que MOSTRA seria uma boa alternativa. Ajuda de custo fica a critério dos organizadpres do evento. Estamos por entrar numa fase nova, penso e desejo que seja assim. Parabens aos que já ganharam, parabens aos que participam.

Hermeto Silva Eu concordo com o Moacir, mas quero observar que a maior culpa é dos próprios festivais, que não desenvolvem meios de se proteger quanto a isso. Os músicos estão na chuva, se pintar dinheiro vão ir atrás - e aí estou falando das formas éticas de se ir atrás, não de conluios, que já são outra história.
Mas voltando aos festivais, o objetivo primário de todos os festivais - e isso normalmente está entre os primeiros 3 artigos de qualquer regulamento - é dar oportunidade a novos talentos e conservar e desenvolver sadiamente as nossas tradições culturais. Só que na hora de passar as músicas na triagem querem saber "quem vai cantar". Isso já consta da própria ficha de inscrição. Se o objetivo é a descoberta de novos talentos, o que importa quem vai cantar? O próprio festival vai atrás dos nomes mais consagrados para fazer bilheteria e/ou vitrine, o que deveria ser secundário, pois o próprio evento já diz em seu regulamento que não é a que se propõe. Se nas primeiras califórnias fôssemos atrás só de nomes consagrados, hoje estaríamos escutando Gildo de Freitas, Teixerinha e José Mendes.
Os festivais podem frear as panelas, mas será que querem?

Acho que não preciso dizer mais nada.

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