João Simões Lopes Neto ou apenas Simões Lopes Neto nascido em Pelotas, RS, no dia 09.03.1845 e falecido, também, em Pelotas em 14.06.1916 - Contista, folclorista, poeta e dramaturgo. Viveu em sua cidade natal até os 13 anos, idade com a qual se transfere para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, então capital do país, realiza seus estudos no Colégio Abílio e, em seguida, na Faculdade de Medicina, curso que, no entanto, não pode completar devido a sérios problemas de saúde.
Retorna para Pelotas em 1886, onde passa a atuar intensamente no meio literário e na imprensa local, colaborando e editando jornais como Diário Popular, A Opinião Pública (no qual publica textos assinados com o pseudônimo João do Sul) e Correio Mercantil. São nesses periódicos que apresenta suas primeiras produções literárias (contos e folhetins, principalmente). Em 1893, inicia sua carreira no teatro ao escrever e montar a revista musical O Boato, em parceria com o português José Gomes Mendes.
Apesar das suas numerosas produções na imprensa pelotense, João Simões Lopes Neto tarda a ser editado em livro, estreando apenas em 1910 com a publicação de Cancioneiro Guasca, obra em que compila lendas e histórias folclóricas, poemas e canções tradicionais do Rio Grande do Sul. Em 1912, é publicado Contos Gauchescos, um dos seus livros mais reconhecidos por público e crítica e, no ano seguinte, Lendas do Sul.
A obra narrativa de João Simões Lopes Neto é uma referência importante aos estudos da literatura regionalista brasileira, e aparece muitas vezes situada ao lado de nomes mais reconhecidos como os de José de Alencar (1829-1877), José Lins do Rego (1901-1957) e João Guimarães Rosa (1908-1967).
Para além do lugar histórico e até mesmo antropológico do seu papel como pesquisador e compilador de casos, lendas e histórias tradicionais do Sul do Brasil, Lopes Neto também se destaca, no que diz respeito especificamente à literatura, pela incorporação da linguagem e da expressão coloquial dos gaúchos da época em sua narrativa. Deste modo, é grande o número de termos, vocábulos e ditos locais que aparecem em seus livros, muitas vezes desconhecidos dos leitores contemporâneos ou não familiarizados com a variante do português falado no Rio Grande do Sul. Seus célebres Contos Gauchescos, por exemplo, são narrados pelo vaqueano Blau Nunes, personagem que encarna um velho contador de histórias gaúcho – e, ao ceder a voz narrativa a essa figura, Lopes Neto confirma a presença da oralidade em sua literatura.
Como assinala o crítico Everson Pereira da Silva, João Simões Lopes Neto “aproveita-se da paisagem típica, do linguajar pitoresco, da construção das personagens para construir seu regionalismo”. Com seus contos situados na região dos pampas, descrita em toda a sua beleza e em mistérios e perigos, centrados nos conflitos (ora existenciais, ora práticos e cotidianos) dos moradores dessa área rural do Rio Grande do Sul, a obra de Lopes Neto configura-se, também, como um meio de contato entre o leitor e uma realidade linguística e expressiva particular. A imersão do leitor no universo cultural retratado é, desse modo, intensificada, extrapolando uma perspectiva amparada exclusivamente na descrição dos tipos e da paisagem.
Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/
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