Desde o início da Revolução, as tropas Farrapas contaram com importante participação de negros e mulatos, sendo livres ou libertados pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa republicana. Na sua grande maioria eram negros campeiros, domadores das serras dos Tapes e do Erval, na zona sul do Estado.
Em 18 de setembro de 1836 foi constituído o 1º Corpo de Cavalaria de Lanceiros Negros, com mais de 400 homens, pouco antes da batalha do Seival. Inicialmente foram comandados pelo Tenente Coronel Joaquim Pedro Soares, e mais tarde pelo Major Joaquim Teixeira Nunes, formando a tropa de choque do exército farroupilha. Seu papel foi tão importante que, em 31 de agosto de 1838, foi criado o 2º Corpo de Lanceiros Negros, contando também com mais de 400 combatentes.
Em novembro de 1838, o Império cria a Lei da Chibata, determinando que todo o escravo que fosse preso e fizesse parte das forças rebeldes deveria receber de 200 a 1000 chibatadas, porém ao mesmo tempo, prometiam a carta de alforria para todo escravo rebelde que se entregasse as forças imperiais.
Também é importante destacar que os farrapos tinham entre seus principais lideres dois mulatos: o mineiro Domingos José de Almeida, ministro do tesouro, e o carioca José Mariano de Mattos, ministro da guerra da marinha.
Na primeira tentativa de negociar a paz, em 1840, Bento Gonçalves exigia a liberdade dos escravos que estavam a serviço da República rio-grandense, como sendo uma das principais condições, o que não foi aceito pelos imperiais continuando assim a luta.
Já no ano de 1842 o Ministro da guerra José Clemente Pereira, preocupava-se com os problemas resultantes de um grande número de escravos armados. A mesma questão preocupava também os chefes farrapos que já negociavam a paz com Duque de Caxias, que por um lado, via como muito arriscado o retorno dos combatentes negros para as senzalas, pois poderiam fomentar rebeliões; e, por outro lado era perigoso manter livres um grande contingente de negros com experiência militar.
É nesse contexto que acontece na madrugada do dia 14 de novembro de 1844, próximo ao Arroio dos Porongos, o ataque surpresa das tropas imperiais comandadas pelo Coronel Francisco Pedro de Abreu (Moringue) aos lanceiros negros, onde foram quase que totalmente dissimados.
Após o massacre dos Porongos, aceleraram-se as tentativas de paz, sendo que a questão do destino a ser dado aos negros farrapos era uma das questões mais importantes, sendo que a idéia inicial do império era de reunir todos os negros na estância dos Cunhas no Ponche Verde, e após enviá-los para a corte,onde ficariam à disposição do governo Imperial. Porém, os escravos em torno de 200 foram libertados e seus proprietários foram indenizados, na época com 400 contos de réis, sendo que alguns passaram a integrar os três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província e logo em seguida participaram da Guerra contra Oribe e Rosas, e outros foram junto com o General Netto para o Uruguai trabalhar em sua estância com a criação de gado.
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