UM DIA DESSES...
(Anderson Fonseca\Ari Pinheiro\Paulo Ricardo Costa)
Um dia desses vou rumar ao pago...
Pra uma infância doce que eu mesmo desenhei.
Estender a vista da porteira aos fundos,
Olfateando os sonhos fecundos
Que há muito, neste chão plantei...
Um dia desses quero ser regresso...
E tomar o rumo do “rincão dos valos”
Ser somente um pataleio ao cerrar dos olhos
Pra renascer num silvido simples pelo corredor
E ressuscitar Minh ‘alma ao rever as casas,
O potreiro do açude e o seu verdor,
O gado pampa, o baio colera e os meus cavalos.
Vou pescar na sanga do “passo das pedras”
E rever meu semblante no correr das águas.
Quebrar a moldura no espelho corrente
Que neste presente, devolve o passado.
Vou sentir a brisa a golpear meu rosto
E deitar no campo pra mirar o céu.
Repontar as nuvens em seu trote alçado
Que rumbeiam juntas a algum descampado
Na coxilha grande que se estende ao léu.
Quero estender tropa uma última vez...
E ganhar a estrada da Estância Mimosa.
Sujeitar o baio, e cambiar na noite
Os pingos de muda que eu mesmo domei.
No trono do basto estou mais perto de Deus!
Vejo os fios dos lombos serpenteando a estrada,
Repontando as mágoas junto à tropa mansa
Que no sul do mundo é força e esperança
Para campechanos, que patearam estradas
Em rumo contrário ao do gado.
E ao final do corredor, porteiras fechadas,
Em vez de um sonho... acharam o nada.
Vou deixar o povo num findar de tarde
E voltar pra o campo que me viu nascer...
Ver a fumaça a culatrear os cascos
Que se fizeram gastos
Pelas ruelas tortas deste meu viver...
Serei sinuelo pra os que se apartaram,
Um aboio crioulo para o sul de mim,
Serei partitura, verso musicado
Na dolência que corre o alambrado
Sem nunca encontrar seu fim.
Vou “froxar” as rédeas pra um tiro de laço
Que a campo fora é certeiro o tombo.
Enquadrar o corpo ao compasso do baio
Na volta mansa pras casas,
Assoviando uma coplita doce,
Duetando com o vento,
A sinfonia suave
Que a mãe pampa “gaucha”
Entoa aos filhos nos finais de tarde...
Vou treinar a velha senha pra orelhar um truco
E envidar com “vinte” a sorte aragana.
Acomodar o poncho, pouso pra o sereno
Que nas noites frias cai silencioso,
Gotejando pérolas pelos arames e tramerio...
Bálsamo divino que Despenca das folhas verdes,
Acumulando-se no pendão de flexilhas e trevais,
Lavando a alma da Estância...
Hei de ver estrelas pelas noites claras
Do céu pampeano, de um breu sonorizado
Pelos gritos da saparia nos juncais!
Estrelas que lá no povo minguavam entre os telhados
E escondiam-se em pálidos
E cinzentos ocasos...
Em céus banhados de um mórbido negror,
Silenciosos como o vácuo
Que precede os temporais!
Ahhh, quando eu me fizer de volta...
Vou cevar meu mate no galpão do fogo...
Bater tição de espinilho pra outro trago bueno,
E atirar no braseiro, todo o gelo
Que o inverno grande lá do povo
Formou, acumulou e se encascurrou
Por sobre pele, alma e espírito,
Prostituindo sentimentos e valores
Que levei comigo, quando me fiz distância
Pra o sem fim daquele corredor...
Um dia desses, ainda me dou conta,
Que falta ternura nesse meu andar...
Faltam dedos suaves e um olhar de flor,
Alguém pra dividir o mate... o catre
E dividir o sonho de bonecas e petiços,
Quando o tempo nos trouxer esperas
Pra povoar de alegria e vida nova
O ranchito humilde neste ermo de campo...
Caiado e barreado com amor e esperança.
A boieira será um luzeiro permanente,
Que aqui no sul dos meus anseios
Apontará um paraíso escondido,
Travestido de incerteza
No interior de cada um de nós...
E nos dará coragem para mudarmos
E transcendermos os medos,
Rumo ao pampa imenso
Que Deus desenhou
Pra ser nossa morada,
Minha e tua, eterna namorada,
Flor pampeana... QUE ILUMINA O SUL!
(Anderson Fonseca\Ari Pinheiro\Paulo Ricardo Costa)
Um dia desses vou rumar ao pago...
Pra uma infância doce que eu mesmo desenhei.
Estender a vista da porteira aos fundos,
Olfateando os sonhos fecundos
Que há muito, neste chão plantei...
Um dia desses quero ser regresso...
E tomar o rumo do “rincão dos valos”
Ser somente um pataleio ao cerrar dos olhos
Pra renascer num silvido simples pelo corredor
E ressuscitar Minh ‘alma ao rever as casas,
O potreiro do açude e o seu verdor,
O gado pampa, o baio colera e os meus cavalos.
Vou pescar na sanga do “passo das pedras”
E rever meu semblante no correr das águas.
Quebrar a moldura no espelho corrente
Que neste presente, devolve o passado.
Vou sentir a brisa a golpear meu rosto
E deitar no campo pra mirar o céu.
Repontar as nuvens em seu trote alçado
Que rumbeiam juntas a algum descampado
Na coxilha grande que se estende ao léu.
Quero estender tropa uma última vez...
E ganhar a estrada da Estância Mimosa.
Sujeitar o baio, e cambiar na noite
Os pingos de muda que eu mesmo domei.
No trono do basto estou mais perto de Deus!
Vejo os fios dos lombos serpenteando a estrada,
Repontando as mágoas junto à tropa mansa
Que no sul do mundo é força e esperança
Para campechanos, que patearam estradas
Em rumo contrário ao do gado.
E ao final do corredor, porteiras fechadas,
Em vez de um sonho... acharam o nada.
Vou deixar o povo num findar de tarde
E voltar pra o campo que me viu nascer...
Ver a fumaça a culatrear os cascos
Que se fizeram gastos
Pelas ruelas tortas deste meu viver...
Serei sinuelo pra os que se apartaram,
Um aboio crioulo para o sul de mim,
Serei partitura, verso musicado
Na dolência que corre o alambrado
Sem nunca encontrar seu fim.
Vou “froxar” as rédeas pra um tiro de laço
Que a campo fora é certeiro o tombo.
Enquadrar o corpo ao compasso do baio
Na volta mansa pras casas,
Assoviando uma coplita doce,
Duetando com o vento,
A sinfonia suave
Que a mãe pampa “gaucha”
Entoa aos filhos nos finais de tarde...
Vou treinar a velha senha pra orelhar um truco
E envidar com “vinte” a sorte aragana.
Acomodar o poncho, pouso pra o sereno
Que nas noites frias cai silencioso,
Gotejando pérolas pelos arames e tramerio...
Bálsamo divino que Despenca das folhas verdes,
Acumulando-se no pendão de flexilhas e trevais,
Lavando a alma da Estância...
Hei de ver estrelas pelas noites claras
Do céu pampeano, de um breu sonorizado
Pelos gritos da saparia nos juncais!
Estrelas que lá no povo minguavam entre os telhados
E escondiam-se em pálidos
E cinzentos ocasos...
Em céus banhados de um mórbido negror,
Silenciosos como o vácuo
Que precede os temporais!
Ahhh, quando eu me fizer de volta...
Vou cevar meu mate no galpão do fogo...
Bater tição de espinilho pra outro trago bueno,
E atirar no braseiro, todo o gelo
Que o inverno grande lá do povo
Formou, acumulou e se encascurrou
Por sobre pele, alma e espírito,
Prostituindo sentimentos e valores
Que levei comigo, quando me fiz distância
Pra o sem fim daquele corredor...
Um dia desses, ainda me dou conta,
Que falta ternura nesse meu andar...
Faltam dedos suaves e um olhar de flor,
Alguém pra dividir o mate... o catre
E dividir o sonho de bonecas e petiços,
Quando o tempo nos trouxer esperas
Pra povoar de alegria e vida nova
O ranchito humilde neste ermo de campo...
Caiado e barreado com amor e esperança.
A boieira será um luzeiro permanente,
Que aqui no sul dos meus anseios
Apontará um paraíso escondido,
Travestido de incerteza
No interior de cada um de nós...
E nos dará coragem para mudarmos
E transcendermos os medos,
Rumo ao pampa imenso
Que Deus desenhou
Pra ser nossa morada,
Minha e tua, eterna namorada,
Flor pampeana... QUE ILUMINA O SUL!
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