Quando eu era adolescente, nos anos 80, ficava as noites em frente ao CTG da minha Cidade e não tinha dinheiro para me associar e pagar mensalidade ou ingresso para os bailes e encontros da semana farroupilha. Lembro de um baile de debutantes, com Os Serranos, que as minhas colegas de aula iam debutar e ficaram 60 dias só comentando sobre o baile: vestidos, pares, ensaios e nessa noite, se não me engano num final de Junho ou Julho, fria, eu passei a noite na frente do CTG ouvindo as músicas, num portão, tentando enxergar. Eu tinha 15 anos.
Depois já adulto eu fiz parte do Departamento Cultural desse CTG e tentei por diversas vezes convencê-los de trazer as pessoas mais simples para o CTG, dando ingressos, oportunidade, mas infelizmente nunca fui ouvido.
O tempo passou. O tempo mudou. As coisas mudaram.
Hoje uma boa parte dos CTGs estão quebrados, sem publico, sem bailes, sem gente. Nas redes sociais corre a propaganda pedindo ou dizendo para porem os filhos nos CTGs, quase que numa forma desesperada, pois os filhos levam os Pais, que levam os avós e assim a roda gira.
Mas como colocar?
As crianças de hoje, são os netos dos pobres que passavam as noites frias na frente dos CTGs, que também não levaram os filhos e consequentemente não levarão os netos.
Isso é para mostrar que, quem não pensa no futuro, no que pode estar por vir, certamente se perderá nas estradas pedregosas dessa vida.
Eu não vou mais a CTG, mas tenho música, com uma boa quantidade de Grupos de Bailes, inclusive Os Serranos, e as portas abertas de qualquer CTG desse Pais.
E aqueles que me barraram? que nunca me deram uma oportunidade?
Muitos já se foram, mas deixaram essa triste herança de ver uma sala vazia e um CTG quebrado, muitos alugando para festas de Funk para pagar água e luz.
Essa é a famosa lei da causa e efeito...e dessa ninguém escapa.
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