quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Entre mates e poesias

Estive ontem sorvendo um mate "ajujado" de arte, cultura e poesia. Cada gole era uma infusão que descia pela alma e se aconchegava no lado esquerdo do peito. 
Se o poeta um dia disse que a cuia de mate tem a forma do coração, é com certeza, porque sabia que quando mateamos com quem transpira arte, versos e poemas, a cuia é o próprio coração, que salta do peito e se aconchega na palma da mão para escutar os versos.
O rancho de portas abertas ao sol, com sombras grandes de cinamomos copados e foi embaixo deles que mateei com nada mais, nada menos que Francisco Miguel Scaramussa - Tio Chico. 
A forma de pensamento e o sentimento são o que forma o caráter de um Homem. Tio Chico é um desses, que além de fazer cama dos versos, de encilhar as rimas mais cruas e domar a gramática pura do gauchismo, tem o sentimento crioulo, terrunho e de certa forma abagualado. A voz pausada e grave, mostra a experiência que tanto falta nos palcos dos concursos.
Sua forma de pensar fecha com a minha e nossas preocupações se encontram quando achamos que esses concursos poéticos tem que tomar um outro rumo. A declamatória não pode ser o que está sendo hoje, onde os versos, que são feitos com alma e sentimento, simplesmente não jogados ao vento como quem atira "bóia" aos porcos. A verdadeira poesia crioula, do velho Jaime, Aparício, Glauco e tantos outros que deram forma aos versos mais crioulos, hoje, está sendo trocada por versos sem rima, sem sentido, sem métrica e acima de tudo sem sentimento, numa forma "burra" em achar que esse falso modernismo é o que impera. Nos palcos a encenação de um poema está valendo mais que o próprio poema e a forma de pontuação que singra as planilhas é esdrúxula, antiga e sem sentido (Já vi concursos que uma camisa arremangada ou um lenço sem o padrão, rouba pontos de um declamador, o que é um absurdo).
Espero, tio Chico que um dia, possamos matear, vendo um novo movimento, onde HOMENS de verdade  e Mulheres de verdade possam recitar seus poemas com maestria, mas acima de tudo, com conteúdo.
Grácias pelo amargo, pelas lições e pela amizade.

1 comentário:

Maria Ester Vidal disse...

Imaginei esta conversa e fiquei ouvindo que não ouvi, vendo o que não vi e assim imaginando também um futuro melhor! Grande abraço aos dois que admiro demais.

Enviar um comentário