quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CORRENTE ANTI-RODEIO SE FORTALECE - ATÉ MESMO ENTRE OS TRADICIONALISTAS


O projeto do deputado federal Ricardo Tripoli, do PSDB de São Paulo, propondo o fim dos rodeios, soou como uma bomba aqui pelas bandas do sul no fim do ano passado. Afinal, os rodeios são manifestações folclóricas do existir campesino do gaúcho. Pelas redes sociais, em prosas bolicheiras, o assunto e a contrariedade eram as mesmas. Aí, surgiu uma voz de aprovação ao projeto. Dentre milhares de opiniões contundentes ao tribuno federal e ao citado projeto de lei o músico Leandro Berlesi, integrante do CTG Gildo de Freitas, opinou favoravelmente ao fim dos rodeios e recebeu diversos e incisivos contrapontos.

Ontem, recebi um chasque do meu amigo Jeândro Garcia, proprietário do Cultura Gaúcha, com mais de 9 mil seguidores no facebook, com diversas fotos (exemplo acima), me questionando se "aquilo" iria ter vasa na Festa Campeira do Rio Grande do Sul, agora em seguidita, em Campo Bom. As "chapas" são de pealos, uma prova que faz parte dos rodeios gaúchos. - Pelo que sei, respondi, a "cura do terneiro", prova semelhante aos rodeios paulistas em que o peão tem que imobilizar a rês no menor tempo possível, foi proibida pelo MTG. Quanto ao pealo, amigo Jeândro, não sei te responder...


Mas aí fui dar uma pesquisada nos sites e blogs de temática crioula para ver a quantas andavam as reações ao tal projeto que parecia estar em banho-maria. 

Qual nada! O tema continua em alta só que, agora, com o deputado autor do projeto ganhando adeptos de peso no próprio Rio Grande do Sul. Como exemplo, mostramos esta postagem acima do meu amigo Paulo Ricardo Costa, poeta, compositor, proprietário do blog Entre Mates e Guitarras, um periódico eletrônico muito lido no meio tradicionalista, em todo o Rio Grande do Sul, mas, principalmente, na região Coração do Rio Grande, Santa Maria. 

Mas a opinião que mais me surpreendeu, pela relevância do cargo da pessoa que opinou, fui encontrar no blog G1 - repórter farroupilha, assinado pelo também meu amigo, jornalista Giovani Grizotti. 

Vejam o que disse Manoelito Savaris, ex-presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho e atual presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha, sobre o tema:

Chama a atenção o artigo assinado pelo presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha, Manoelito Savaris, sobre o tiro de laço e a polêmica dos supostos maus tratos contra animais. Publicado no jornal Eco da Tradição, do MTG, e no site da Confederação, o texto defende as competições sob o ponto de vista cultural, mas não como sendo um esporte ou uma atividade de lazer.
Para ele, rodeio só pode existir se não envolver premiações e se respeitadas as regras tradicionalistas. Ou seja: a participação de animais é justificável apenas sob a ótica cultural. “A sociedade vê o tiro de laço como uma manifestação cultural, como um jogo ou como um simples lazer de pessoas que, no dia-a-dia, nada tem a ver com a lide campeira?”, pergunta, para logo depois completar: “se a constatação for a que se trata simplesmente de um esporte ou de um lazer, como jogar futebol ou jogar cartas, e que a motivação está no prêmio oferecido, então temos de considerar a possibilidade de usar nossos cavalos exclusivamente para a realização de cavalgadas, deixando o laço para a brincadeira folclórica da vaca parada”, disse. Pergunta: cavalgar por lazer ou esporte, pode? Na concepção de Savaris, sim.

Manoelito Savaris. Foto: blog Rogério Bastos.
Não vejo muito sentido nessas declarações. Quem pratica o tiro de laço por tradição, também o faz por esporte ou lazer. Tais motivações são indissociáveis. Fazem parte uma da outra. E quem disse que só envolvidos na lida campeira podem competir? Quem mora na cidade, em apartamento, não pode? Só o que faltava haver agora “reserva de mercado” tradicionalista.
Em pronunciamento durante o Congresso do MTG catarinense, em 2012, Savaris foi além, ao criticar os rodeios que oferecem boas premiações. Declarou, ao citar o suposto fundamento da campanha de algumas ONGs contra rodeios: “o grande argumento é que os rodeios perderam sua condição cultural para virar jogatina” declarou. “Somente disputa de prêmio, somente briga por dinheiro, as premiações estão altas demais, concentradas em meia dúzia, tá na hora de nós repensarmos isso” completou, sob aplausos dos tradicionalistas presentes, para depois emendar. “Aí daqui a pouquinho, (vão dizer): mas o que que vocês querem manter (os rodeios)! Isso aí não é tradição, ou na tradição laçam só por dinheiro?”
Ora, jamais ouvi esse argumento de qualquer ambientalista. O protesto das ONGs tem por fundamento supostos maus tratos supostamente praticados, conforme essas ONGs, tanto por quem laça por tradição, esporte ou lazer.
Enfim, trata-se de uma discussão fomentada por nada menos do que o presidente da Confederação que reúne os MTGs de todo o país. Seria um tiro no pé, numa época em que um projeto do Congresso ameaça acabar com o tiro de laço? Quando ouvi do próprio Manoelito tal posicionamento, liguei para o presidente do MTG, Erival Bertolini, para saber se ele compartilhava desse entendimento. Ele respondeu que não. Agora, posto que o artigo foi publicado no jornal do próprio movimento, acredito tal opinião pode, sim, estar sendo compartilhada pelo MTG. De qualquer forma, as entidades que, sob o argumento da proteção aos animais querem o fim dos rodeios, acabam de ganhar um nome de peso para a sua causa.
Com a palavra o presidente do MTG.

Fonte: G1 - Rio Grande do Sul - Giovani Grizotti

Nota do Blog do Léo Ribeiro:
Como nosso blog não é de ficar em cima do muro, reafirmamos nossa posição favorável aos rodeios, desde que os mesmos sofram profundas modificações.

Fonte: blog  Léo Ribeiro

1 comentário:

milton disse...

Fui patrão de CTG e realizei Rodeios, e muito ajudei as outras patronagens, mas sempre me realizei como um tradicionalista urbano, por que na verdade o Movimento Tradicionalista é urbano...quando começou em POA, o movimento foi encabeçado por um grupo de estudantes do Colegio Julio de Castilhos, e as pessoas confundem, botas cagadas com bailes. muito vi e continuo vendo rapazes dançando nos CTGs com pilchas de rodeios, sem o minimo de respeito as prendas.. analizem as entidades que mais se ligam a rodeios esquecem o lado social, e logo as vemos quebrados ou fechados esquecendo o lado artistico e social e se voltando somente para o tiro de laço, que na verdade rodeio é só , é como se fosse um vicio por jogo de baralho, ou de tomar cachaça no bolicho, é quase doentio esta ansia de laçar, sou contra aos rodeios sim....se for por cultura, por tradição, que não existisse premios milionários então.....abraços

Enviar um comentário