segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Com os olhos do coração!


Paulo Ricardo Costa

A luz que a vida me tirou,
Porque o destino assim quis,
Não me fez um ser infeliz...
Tão pouco menos do que sou,
Se foi o tempo que determinou,
Sem luz por toda a existência...
Ganhei de Deus a dolência...
Bem mais que a própria razão,
E tenho os olhos do coração...
Dando-me luz pra consciência;

Teu rosto que ainda não vejo,
Por esta ausência de visão...
Enxergo ao toque das mãos,
Ou pela carícia dos teus beijos,
Que se avizinham aos desejos,
Ardendo em chama e calor...
Para um coração sonhador,
Pouco importa a tua imagem,
Pois mais belo que a paisagem,
É este universo do amor!

Quando a teu corpo me entrego,
Mergulhado em tenro espaço,
Meu mundo é entre teus braços,
Tu és, a minha dona, não nego...
E pouco importa, se sou cego,
A luz que me falta à retinas...
Como a noite negra descortina,
Ungido a paz de um momento,
Onde só basta um sentimento,
(É tudo que o amor, nos ensina);

Quando quero ver as flores...
O campo vasto, as coxilhas,
Caminho entre as maçanilhas,
E vou imaginando, suas cores,
Criei imagem dos corredores...
De rios, de matas e de estradas,
Como se fossem formadas...
Num mundo dentro de mim,
Aonde o tempo não tem fim...
E tudo é parte de um nada!

Para muitos, isso é a dor...
É parte dura. É sofrimento!
Mas ninguém enxerga o vento,
E todos sabem do seu valor...
Ninguém pode ver o calor,
E tantas coisas que existem,
Enquanto muitos insistem,
Na pior cegueira da vida...
Que é ter a imagem distorcida,
Que a tantos olhos, persistem;

Não precisa ter pena de mim!
Nem tão pouco ficar condoído,
Me restam os outros sentidos,
E foi Deus que me quis assim,
Sem ter a luz, não é o fim...
Quando há, amor verdadeiro,
Os sonhos são derradeiros...
E em cada toque dos dedos,
Tateando à luz dos segredos,
Te busco apenas com o cheiro;

Há tantos, que tentam ver...
O que os olhos jamais verão,
Pois o belo não está na visão,
Mas no interior de cada ser!
Só os olhos não conseguem ter,
Quando a alma ressente na dor,
E a vida vai perdendo o valor,
A  cada um que anda sozinho...
Carregando apenas espinhos,
Sem nunca conhecer a flor!

Se o amor que trago é infinito,
(E o meu coração é quem diz)
O mundo em que vivo é feliz,
Por certo, também, é bonito!
Onde cada ser é bendito...
Se, crer na luz do perdão,
No simples toque das mãos,
Sinto o teu corpo, teus beijos,
E são por elas que te vejo...
Com os olhos do coração!

Fim

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