Paulo Ricardo Costa
Busquei nas folhas do tempo.
O que a história não me contou...
O que a vida sempre me negou,
Feitos que hoje eu lamento,
Que são dores, ressentimentos,
Fardos pesados que eu trago...
Quando ao silêncio, indago,
Vendo tanto ódio e maldade,
Que chega a ser crueldade...
Dos que se adonaram do pago;
Descobri que esta gente...
Só conta um lado da história,
Só contam os feitos de glória,
De um passado inconseqüente,
Que matou tantos inocentes...
Em barbáries, carnificinas,
Onde a ganância malina...
Manchava a baldes de sangue,
Os campos deste Rio Grande,
Da Velha Pátria Sulina;
Rebusquei n’algum retrato,
Que o tempo, já amarelou,
E descobri que quem lutou.
Não teve história, nem fato,
Eram índios, negros e mulatos,
Vivendo à beira da fome...
Que forçados por esses homens,
Com estrelatos de Coronéis...
Estampavam o ouro dos anéis,
E o peso de um sobrenome;
Que de dentro dos gabinetes,
Ou das estâncias de luxo...
Se fingiam de ser gaúcho,
Entre cupinchos e mandaletes,
Que iam reculutando ginetes...
Peões, escravos e lavradores,
Que se dobravam aos senhores,
Com promessa de liberdade...
Numa mentira de igualdade,
De quem nunca conheceu valores;
Assim ergueram bandeiras,
Com suas pilchas de trapos,
Trastes humanos, farrapos...
Resenhando fronteiras,
Onde a adaga cortadeira,
Ditava a regra da vez...
Sangrados mesmo que rês,
Na crueldade das degolas,
Vendiam a vida, por esmola,
Sem entender o que fez;
Morreram pelas coxilhas...
Qual um matungo sem dono,
Atirados ao triste abandono,
Como se não tivessem família,
Sustentando a saga caudilha,
Peleando de sul a norte...
Só se entregavam pra morte,
E a morte não tem pena,
E infelizmente, só condena,
Os que nasceram sem sorte;
E a sorte que eu me refiro,
É a simplicidade de um berço,
Não sei se, hoje, eu mereço,
Ter a Pátria que admiro...
Se o mesmo ar que respiro,
Faltou há tantos dos meus...
Que a história, podre, esqueceu,
Para contar suas bravatas...
Desses caudilhos de gravata,
Que se acham maiores que Deus!
Sei que serei condenado...
Pelo meu modo de pensar,
Dos que só sabem condenar,
Sem conhecer o passado...
Tudo o que têm, foi herdado,
Passados de Pai pra filho...
Talvez, por eu ser andarilho,
Que a vida fez-me conhecer,
O que a história tentou esconder,
Dos que chamamos de caudilho;
Pois o caudilhismo foi atraso,
Foi morte e foi crueldade...
E os que pelearam de verdade,
São os esquecidos do acaso,
Sem aurora e sem ocaso...
Num tempo sem liberdade,
Num mundo sem igualdade,
Vagando diante as cancelas...
Ou pelos barracos das favelas,
Nos arredores das cidades;
Se, hoje, alguém reclama...
Por um pedaço de terra,
Talvez sejam os netos da guerra,
Que Pátria nunca proclama,
Onde a ganância faz cama,
Atrás de grandes muralhas,
De quem faz curso de canalha,
E se vende por dinheiro...
Dando tudo pra’o estrangeiro,
E ao nosso povo, só migalha;
Fim!
HOJE, 168 DE PORONGOS, MINHA SINGELA HOMENAGEM AOS NEGROS MORTOS PAR MANTER UMA HISTÓRIA: SUJA, NOJENTA E CRUEL. ESSE É O RIO GRANDE COMEMORADO EM 20 DE SETEMBRO!
Busquei nas folhas do tempo.
O que a história não me contou...
O que a vida sempre me negou,
Feitos que hoje eu lamento,
Que são dores, ressentimentos,
Fardos pesados que eu trago...
Quando ao silêncio, indago,
Vendo tanto ódio e maldade,
Que chega a ser crueldade...
Dos que se adonaram do pago;
Descobri que esta gente...
Só conta um lado da história,
Só contam os feitos de glória,
De um passado inconseqüente,
Que matou tantos inocentes...
Em barbáries, carnificinas,
Onde a ganância malina...
Manchava a baldes de sangue,
Os campos deste Rio Grande,
Da Velha Pátria Sulina;
Rebusquei n’algum retrato,
Que o tempo, já amarelou,
E descobri que quem lutou.
Não teve história, nem fato,
Eram índios, negros e mulatos,
Vivendo à beira da fome...
Que forçados por esses homens,
Com estrelatos de Coronéis...
Estampavam o ouro dos anéis,
E o peso de um sobrenome;
Que de dentro dos gabinetes,
Ou das estâncias de luxo...
Se fingiam de ser gaúcho,
Entre cupinchos e mandaletes,
Que iam reculutando ginetes...
Peões, escravos e lavradores,
Que se dobravam aos senhores,
Com promessa de liberdade...
Numa mentira de igualdade,
De quem nunca conheceu valores;
Assim ergueram bandeiras,
Com suas pilchas de trapos,
Trastes humanos, farrapos...
Resenhando fronteiras,
Onde a adaga cortadeira,
Ditava a regra da vez...
Sangrados mesmo que rês,
Na crueldade das degolas,
Vendiam a vida, por esmola,
Sem entender o que fez;
Morreram pelas coxilhas...
Qual um matungo sem dono,
Atirados ao triste abandono,
Como se não tivessem família,
Sustentando a saga caudilha,
Peleando de sul a norte...
Só se entregavam pra morte,
E a morte não tem pena,
E infelizmente, só condena,
Os que nasceram sem sorte;
E a sorte que eu me refiro,
É a simplicidade de um berço,
Não sei se, hoje, eu mereço,
Ter a Pátria que admiro...
Se o mesmo ar que respiro,
Faltou há tantos dos meus...
Que a história, podre, esqueceu,
Para contar suas bravatas...
Desses caudilhos de gravata,
Que se acham maiores que Deus!
Sei que serei condenado...
Pelo meu modo de pensar,
Dos que só sabem condenar,
Sem conhecer o passado...
Tudo o que têm, foi herdado,
Passados de Pai pra filho...
Talvez, por eu ser andarilho,
Que a vida fez-me conhecer,
O que a história tentou esconder,
Dos que chamamos de caudilho;
Pois o caudilhismo foi atraso,
Foi morte e foi crueldade...
E os que pelearam de verdade,
São os esquecidos do acaso,
Sem aurora e sem ocaso...
Num tempo sem liberdade,
Num mundo sem igualdade,
Vagando diante as cancelas...
Ou pelos barracos das favelas,
Nos arredores das cidades;
Se, hoje, alguém reclama...
Por um pedaço de terra,
Talvez sejam os netos da guerra,
Que Pátria nunca proclama,
Onde a ganância faz cama,
Atrás de grandes muralhas,
De quem faz curso de canalha,
E se vende por dinheiro...
Dando tudo pra’o estrangeiro,
E ao nosso povo, só migalha;
Fim!
HOJE, 168 DE PORONGOS, MINHA SINGELA HOMENAGEM AOS NEGROS MORTOS PAR MANTER UMA HISTÓRIA: SUJA, NOJENTA E CRUEL. ESSE É O RIO GRANDE COMEMORADO EM 20 DE SETEMBRO!
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