quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mais um quer carona no "bagual", de Juliano Gomes

Eu não ia me meter nesse assunto que vem permeando as páginas da web e de alguns jornais nos últimos dias, até porque não sou amigo do Joca Martins, apenas o conheço e admiro como músico, interprete, mas sou admirador do belo trabalho que sempre desempenhou e vem desempenhando o Juliano Gomes, esse batalhador da arte e da boa música fronteiriça, que tem muita noção do que fala, do que escreve. 
Infelizmente muita gente vem metendo o "bedelho" no que não conhece, não sei se arrumando um jeito de sair do anonimato ou querendo pegar carona nos ombros dos outros. 
Para falar a verdade, penso que nem era para dar crédito, pois nunca vi um texto, que se diz feito por um professor de história, ter tanto erro e tanta falta de conhecimento, baseando somente num dicionário de Língua Portuguesa. Devo lembrá-lo que estamos falando de música, onde a poesia, existe a liberdade poética, além da linguagem regional, coloquial, a gíria, o que são normais em poemas. 
Mas deixo aqui o texto(mal escrito) desse dito Professor e o belo texto do Juliano Gomes, para que, outros antes de dar o seu "pitaco", pense, repense e analise se não vão falar besteiras.

TEXTO DE JULIANO GOMES


E a quem interessar possa, minha resposta...

Venho através dessa, esclarecer algumas dúvidas que me parecem bem claras num texto que li e que foi escrito por V.S.
Antes de ler vosso texto fui direto me certificar quem havia escrito.
Quando verifiquei a assinatura do texto e, constatando que vinha de um Professor, confesso que fiquei meio chocado com vossas palavras, pois este texto ao qual me refiro não tem muito nexo em vários quesitos. Como tudo que se escreve, gera o direito de resposta, resolvi me atrever a escrever algumas palavras. Bom... Vamos ao que interessa.

Conforme não é de vosso conhecimento, a “Arte” é uma forma de expressão livre e não generaliza nem desumaniza como está bem especificado no texto em questão.
A música “Eu sou bagual”, em primeiro lugar, não é de autoria do Sr Joca Martins. Acho isso o primeiro erro grave em vosso texto, que para começo de conversa deveria ser feita uma pesquisa sobre a autoria, para não ser cometida nenhuma injustiça. A composição é de autoria de Fernando Soares e Juliano Gomes, ambos de Santana do Livramento e foi feita sem a mínima intenção de ferir os princípios éticos, tanto dos moradores da cidade quanto os dos arrabaldes ou das estâncias. Esta composição foi feita por duas pessoas oriundas da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguay, portanto não tem a mesma conotação de uma feita na região sul do nosso Estado (em vosso texto há outro erro gravíssimo onde V.S. coloca “estado” e é sabido desde os tempos de primário que quando nos referimos às Unidades Federativas, devemos escrever Estado com o “e” em sua forma maiúscula) principalmente pela forma de se falar e entender assuntos relativos ao campo.

Notei também que em vossa descrição sobre a palavra “Bagual”, foi feita uma pesquisa somente no dicionário informal onde só tem os significados pertinentes ao vosso texto. Cada um usa o significado que lhe é pertinente e na música, o termo bagual foi usado com o significado de forte, do campo, rude, bravio. Isso tudo consta no Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes e, pelo menos na nossa “Fronteira” o termo Bagual é tratado assim e não como grotesco ou um bicho estúpido.

Outro ponto que achei interessante em vosso texto foi o descaso com o “gauchismo”, termo que orgulha muita gente aqui no nosso Estado. Algumas áreas da sociedade insistem em não enxergar o gaúcho (aquele que cultua suas tradições, freqüenta os galpões, desfila no 20 de setembro, etc) que é, sim, uma boa parte da população gaúcha. É conveniente citar que essa composição não é direcionada a determinadas classes sociais ou certos setores da nossa economia e sim àquelas pessoas que simpatizam com uma música alegre. Para esse caso, ouve quem quer e gosta. Música não é feita para agradar todo mundo.

Quanto à questão de ter nascido na cidade, em um hospital ou, seja lá onde for, é um trecho de vosso texto que não precisaria ser escrito, se fosse de vosso conhecimento a autoria da composição, porque tanto o Fernando como eu conhecemos as lidas do campo e é sabido por todos que não precisa morar no campo para escrever sobre ele. É só questão de conhecimento.

Na parte do texto em que está explícita uma indignação com as entidades tradicionalistas, prefiro não me meter, mas acho também que isso não precisaria constar em vosso texto, porque não somos filiados a nenhuma delas e não respondemos por seus atos. Outra coisa a ser esclarecida é que estas entidades não deveriam criticar a música. Isto é assunto para entendedor de música. Creio que V.S. não é formado em música, não é? Acho que, mesmo que fosse, seria muito ético de vossa parte deixar que se faça arte livremente. Como eu costumo dizer... Se não sei, prefiro ficar quieto.

Resumindo, acho válida toda essa manifestação feita por V.S., se foi com a intenção de uma crítica construtiva. Porém muito mal expressada, pois na questão da representatividade, ninguém quer representar ninguém e sim fazer música. Aos descontentes com isso, nossas humildes desculpas, sem querer ofender ninguém.

Porto Alegre, 09 de maio de 2013.

Juliano Gomes

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