quarta-feira, 3 de julho de 2024

MILONGA PRA DOM JUVÊNCIO!


Milonga pra Dom Juvêncio é desses versos que a gente não gostaria de escrever, mas escreve para chamar atenção aos Homens do campo, que foram explorados pelos Patrões e que os herdeiros, colocam para a beira dos corredores e que vão viver como andarilhos matando a fome dos caminhos. 
Há quanto Juvêncios pelos barravos das favelas ou pelos corredores da vida?

Milonga pra Dom Juvêncio!
114/2024

Conheci a Dom Juvêncio,
Ainda nos tempo de moço,
Tremulando no pescoço…
Um paiñuelo maragato,
Era a estampa, o retrato,
Dum Saraiva, Castelhano,
Dos que herdara o tutano,
Dos filhos de Dom Mulato.

Trouxe a sina de herança,
De repontar tropas alheias,
E tirar gado das cheias…
Que inundavam este chão,
Sem nunca frouxar o garrão,
Metia o peito na enchente…
E levava tudo pela frente…
Pra enche as burras do patrão.

REFRÃO:
Dom Juvêncio é um desses,.
Que a história não conta…
Que a vida troca de ponta,
Quando a idade se avança,
Falta peso nessa balança…
Pra tropa dos desenganos,
O pingo, os cuscos e os panos,
E tudo o que traz de herança.
 
É dom Juvêncio, tropeiro,
Que vem no zaino bragado,
Com lencito esparramado,
Chapéu quebrado na testa…
Duas esporas em serestas,
Numa manhã de domingo…
Escramuçando um pingo…
Como que chega em festa.

Era a imagem que eu tinha,
S’encontrasse o vaqueano,
Mas pra meus desenganos…
O tempo cobra o seu valor,
E para aumentar essa dor,
Encontrei o moço, tordilho,
Hoje é mais um andarilho,
Qual a tropa num corredor.
 
REFRÃO:
Dom Juvêncio como tantos,
Vem do tempo das tropeadas,
Das noites enluaradas…
Dos trabalhos sem esperas,
Que floriam primaveras…
Nos bolso dos estancieiros,
Que deixaram só herdeiros,
Que querem ranchos, taperas.

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