O Rio Grande do Sul era uma terra que ninguém queria, pois não tinha onde aportar navios, era um campo selvagem sem atrativos. Tinha um litoral que era uma extensa faixa de areia sem baías, enseadas,não tinha como atracar navios carregar e descarregar mercadorias, por isso o branco penetrou primeiro pelo Rio da Prata, foram os Jesuítas espanhóis, trouxeram o gado, cavalos, ovelhas, isso chamou a atenção dos bandeirantes que criaram trilhas e desceram de São Paulo, atacando as reduções e a guerra pela terra, gado começou e quem pagou com a vida foram milhares de índios, porém antes morava gente neste chão saiba quem eram eles.
O MITO DO DESPOVOAMENTO DO LITORAL GAÚCHO
Os indígenas que viviam nas terras onde hoje é o Rio Grande do Sul, antes da chegada dos europeus, pertenciam a três grupos:
1) Guaranis (tape, arachane e carijó): litoral e parte central até fronteira com a Argentina;
2) Jê ou Gês(Kaingang, bugres e Xokleng): planaltos do Norte e Nordeste;
3) Pampianos (Charruas e Minuanos): Sul, próximo ao Uruguai.
(veja o mapa)
MOVIMENTAÇÃO DAS NAÇÕES INDÍGENAS (MAPA)
OS GUARANIS
Os guaranis ocupavam as margens da laguna dos Patos, o litoral norte do atual Rio Grande do Sul, as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí, incluindo a região dos Sete Povos das Missões. Dominaram também a parte central e setentrional entre os rios Uruguai e Paraná, bem como a parte sul da margem direita do rio da Prata e o curso inferior do rio Paraná.
Havia entre os guaranis três subgrupos principais: os tapes ( indígenas missioneiros dos Sete Povos), que ocupavam as margens dos rios a oeste do atual território do Rio grande do Sul e o centro da bacia do rio Jacuí; os arachanes ou patos, que viviam às margens do rio Guaíba e na parte ocidental da laguna dos patos; os carijós, que habitavam o litoral, desde o atual município de São José do Norte até Cananéia, ao sul de São Paulo.
Apesar da variedade de dialetos, o tupi-guarani era o tronco linguístico comum a esses grupos indígenas.
OS PAMPEANOS
Os pampeanos constituíram um conjunto de tribos que ocupavam o sul e o sudoeste do atual Rio Grande do Sul,a totalidade dos território da República Oriental do Uruguai, os cursos inferiores dos rios Uruguai, Paraná e da Prata. Os subgrupos e tribvos mais conhecidos entre eles foram os charruas, guenoas. minuanos, chanás, iarós e mbohanes. Todos falavam a língua guíchua, com poucas variações dialetais. Essa nação foi exterminada ao longo da ocupação branca, por oferecerem resistência em defesa da terra. Considerados bárbaros.
OS JÊ (GÊS)
Os gês ou Jê possivelmente eram os mais antigos habitantes da banda oriental do rio Uruguai. É provável que essas tribos começaram a se instalar no atual Rio Grande do Sul por volta do século II a.C. Ocupavam o planalto rio-grandense de leste a oeste e abrangiam vários subgrupos: coroados, ibijaras, gualachos, botocudos, bugres, caaguás, pinarés e guaianás. Estes últimos, no início do primeiro milênio d.C., foram expulsos pelos guaranis da região posteriormente denominada Sete Povos das Missões.
Os gês do atual Rio Grande do Sul foram dizimados pelos bandeirantes, guaranis missioneiros, colonizadores portugueses, brasileiros e ítalo-germânicos. Os grupos que vivem atualmente nas reservas de Nonoai, Iraí, Tenente Portela migraram de São Paulo e Paraná, no século passado, durante a expansão da lavoura cafeeira.
São conhecidos desde 1882 por kaingangs ("kaa" = mato; "ingang" = morador), conforme foram denominados genericamente por Telêmaco Borba (o mais importante estudioso e defensor dos indígneas no século passado).
FRONTEIRA NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
Na costa entre Laguna (ao Sul de Santa Catarina) e Tramandaí viviam os índios arachás, da família guarani, e os carijós, expulsos ou dizimados pelos primeiros brancos a entrar no estado, os bandeirantes paulistas que vinham à caça de escravos indígenas.
Até o século XVIII, quando teve início o processo de ocupação portuguesa, os portugueses pouco conheciam o interior continental da Província de Rio Grande de São Pedro do Sul.
À época da chegada dos primeiros colonizadores brancos, o Litoral Norte do RS era predominantemente habitado por índios Xokleng e Kaingang, povos do grupo Jê Meridional, conhecidos, também, como Botocudos e Coroados.
O Litoral Norte gaúcho era uma região isolada não só pela ausência de um porto marítimo natural (baía ou enseada), mas, também, pela falta de vias de navegação fluvial ou lacustre que a ligasse a outras regiões.
Tal característica retardou o conflito dos brancos europeus com os índios do litoral.
Os kaingang habitavam o Planalto Meridional Brasileiro três mil anos antes da chegada dos europeus.
Para se proteger do inverno rigoroso que castiga as elevadas regiões do Sul do Brasil, chamados Campos de Cima da Serra, os Xokleng construíam suas casas de forma enterrada, mantendo-as, assim, protegidas dos ventos fortes e gelados que cortam o planalto.
Por vezes, as paredes eram compactadas com argila mais fina, resultando em uma camada de revestimento. O teto era apoiado sobre estacas: uma estaca principal no centro, que descia até o chão da casa, e estacas laterais, que irradiavam do mastro central e se apoiavam na superfície do solo, na parte externa.
O teto ficava pouco acima do nível do terreno, garantindo ventilação, iluminação e trânsito. As casas tinham mais ou menos 2 metros de profundidade e o diâmetro variava entre 2 e 22 metros.
REMANESCÊNCIA NO RS
• Jê: no RS, restam Kaingang vivendo em áreas demarcadas; os últimos Xokleng (cerca de 2000 indivíduos) se encontram em SC
Pampianos (Charruas e Minuanos): praticamente exterminados no século XIX
OS XOKLENG HOJE
“Os índios Xokleng da TI Ibirama, em Santa Catarina, são os sobreviventes de um processo brutal de colonização do Sul do Brasil iniciado em meados do século passado, que quase os exterminou em sua totalidade”.- Citado por Maria Cristina Bohn Martins.
“Apesar do extermínio de alguns subgrupos Xokleng em SC e do confinamento dos sobreviventes em área determinada, em 1914, o que garantiu a ‘paz’ para os colonos e a consequente expansão e progresso do Vale do Rio Itajaí, os Xokleng continuaram lutando para sobreviver a esta invasão, mesmo após a extinção quase total dos recursos naturais de sua terra, agravada pela construção da Barragem Norte ”. Hoje restam apenas 1853 indivíduos (FUNASA, 2010)”. – sitepib.socioambiental.org/pt/povo/xokleng
Em suas andanças pelo Sul do Brasil a serviço como engenheiro construtor de estradas, o belga Afonso Mabilde notou a extrema resistência dos Coroados às temperaturas extremas do Sul do Brasil, considerando-se, especialmente, que os indígenas habitavam os Campos de Cima da Serra:
“Suportam facilmente o maior frio ou maior calor. Dir-se-ia que são dotados de uma insensibilidade difícil de admitir em relação ao frio (....). Temos encontrados no centro da serra, em meio aos pinheirais, às sete horas da manhã quando o termômetro Réamur marcava um grau e meio acima de zero, os coroados completamente nus, sem deixar perceber o menor sinal ou demonstração de sentir frio. – Afonso Mabilde.
Vivendo ao longo de rios caudalosos e piscosos que amiúde atravessavam, não tinham embarcações, nem comiam peixes . Assim como os Kaingangs, os Xoklengs também não eram bons nadadores e evitavam entrar na água, pois as calhas de suas fechas empenavam depois de molhadas.
“Esses selvagens são, em geral, péssimos nadadores, fazendo um esforço extraordinário para manter-se n’água devido a seu sistema de nadar, imitando cachorros, e com movimento de braços e pernas quase sempre desencontrados e irregulares”. – Lauro Pereira da Cunha.
MILÍCIA BUGREIRA
Em algumas regiões, os ‘bugreiros’ empreendiam verdadeiras caçadas aos bugres aniquilando-os. No Jornal ‘O Novidades’ de 05.06.1904, na pg. 02, foi publicado um artigo com o tema ‘Carneficina nos Bugres’, e nele consta todas as táticas e atrocidades praticadas pelos bugreiros contra os índios no decorrer de uma ‘batida’ (incursão). Do texto contido no referido periódico:
“O pavor e a consternação produzidas pelo assalto foi tal, que os bugres nem pensaram em defender-se, a única coisa que fizeram foi procurar abrigar com o próprio corpo, a vida das mulheres e crianças. Baldados intentos !! Os inimigos não pouparam vida nenhuma; depois de terem iniciado a sua obra com balas, a finalizaram com facas. Nem se comoveram com os gemidos e gritos das crianças que estavam agarradas ao corpo prostrado das mães! Foi tudo massacrado”.
FONTES:
• BARROSO, Vera Lúcia Maciel. Açorianos no povoamento do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. In: Presença Açoriana.
• DA CUNHA, Lauro Pereira. Índios Xokleng e colonos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (séc. XIX). Porto Alegre: Evangraf, 2012.
• LAVINA, Rodrigo. Os Xokleng de Santa Catarina: uma Etnohistória e sugestões para arqueólogos. (Dissertação). São Leopoldo: UNISINOS, 1994. APUD DA CUNHA. p. 99
• DA CUNHA, Lauro Pereira. Índios Xokleng e colonos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (séc. XIX). Porto Alegre: Evangraf, 2012.
• RIBEIRO, Darcy. Os Índios e a Civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. P. 126. APUD: DA CUNHA. “O Litoral Norte e os índios antes da agricultura”. In: Índios Xokleng e colonos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (séc. XIX). Porto Alegre: Evangraf, 2012. [p. 88]
• DA CUNHA, Lauro Pereira. Índios Xokleng e colonos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (séc. XIX). Porto Alegre: Evangraf, 2012. [pág.88]
• paginadogaucho. com.br/indi/grupo
f1colombohistoriando.blogspot. com.br/2012/07/indios-os-primeiros-habitantes-do-rio
Sobre a história do índio brasileiro durante a colonização:
• observatorioborussia. org. br /projeto/ index. php/onde-quando-quem-comeca-o-rio-grande-do-sul?fbclid=IwAR3FdM27VUHFkPyYFAiPatU0Ph-4LA_-kRT6wBawYR9akyv_1V1ZmIq41CU
Fonte: Beraldo Lopes Figueiredo Blog Rio Grande Antigo
Fonte: Beraldo Lopes Figueiredo Blog Rio Grande Antigo
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