sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O Emancipador de Itaqui: Um Grande (Des)conhecido

No dia em que nosso Itaqui,completa 155 anos,se fosse lançada,como tarefa de uma gincana,ou mesmo a título de curiosidade em uma enquete na rua(ao vivo!) a pergunta: QUEM FOI HEMETÉRIO JOSÉ VELLOSO DA SILVEIRA?? tenho certeza que poucos,pouquíssimos itaquienses ,seriam capazes de responder com razoável margem de acerto. Por sisso,sem a erudição e a metodologia do historiador de ofício,é necessário resgatar a figura ímpar de Hemetério Velloso e o que representou para Itaqui.

Tudo começou em 1853,quando o incipiuente povoado de Itaqui tornou-se de repente,graças à operosidade e à visão mais arejada de alguns abnegados,um florescente mercado comercial,tirando de São Borja(a quem pertencia administrativa e politicamente) o empório do comércio da erva-mate missioneira,obrigando o governo da Província a estabelecer,neste solo,uma mesa de rendas para a arrecadação dos tributos provinciais.
Em 1857,vindo a Itaqui a serviço na condição de Juiz Municipal de São Borja,Hemetério Velloso da Silveira,um pernambucano de nascimento e formação,deparou-se com tantas questões forenses que se atreveu,sem olhar as consequências,aconselhar o povo a requerer,à Assembléia Provincial,a criação do município. Organizada a representação do povo,ele próprio foi o primeiro a assinar.
Embora Itaqui arrecadasse,e talvez só por isso,o DOBRO da receita de São Borja,a Assembléia Provincial entendeu que a petição era intempestiva,não apreciando-a na ocasião. Só depois de mais de um ano,graças à tenacidade de Hemetério Velloso,a lei de 6 DE DEZEMBRO DE !858 decretou o vilamento de Itaqui,tirando o novo municipio mais da metade do que era São Borja então.
A emancipação trouxe para Hemetério Velloso uma guerra sem tréguas,alimentada inclusive pelo vigário que era ao mesmo tempo venerável da loja Maçônica Cordialidade ao Oriente de São Borja. Perseguido,excomungado e aposentado compulsoriamente da magistratura por causa do seu gesto libertário,resolveu fixar residência no Rio de Janeiro até o fim dos seus dias.
Mas por ser um homem de cultura e erudição multifacetadas e ter reunido abundante material de pesquisa,resolveu publicar em 1909( 51 anos após a emancipação!),a obra monumental(da qual possuo um exemplar da primeira edição,regalo do grande Barbosa Lessa) AS MISSÕES ORIENTAIS E SEUS ANTIGOS DOMÍNIOS,onde há um capítulo inteiro sobre Itaqui. São nessas páginas que o leitor descobre,perplexo,ter o homem que liderou a emancipação de Itaqui e pagou tão caro por isso,registrado,com certa mágoa,que entre os lugares que visitou para recolher dados para o seu livro,o ÚNICO onde teve negado o acesso às informações(excetuando-se a nomenclatura das ruas!) foi em ITAQUI.
Ao que eu saiba,até hoje não existe nada sobre esse homem,sua memória,seu feito,ou mesmo o seu nome em uma rua ou um beco. 

É assim que o mundo ironiza
O idealismo de um talento
Não dando o reconhecimento
De uma rua...Uma divisa
Tanto alcaide se eterniza
Sem ter glória verdadeira
Aqui da minha trincheira
(Que é o lugar dos payadores)
Apelo aos legisladores:
HASTEIEM ESTA BANDEIRA!

Com a palavra os nossos edis,tão pródigos e generosos em homenagens e reverências.

Texto de JOÃO SAMPAIO.

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