“O canto está dentro de um, é o que brota quando você é artista. Não é algo que se conduz. Por isso planejar o que você vai cantar é como planejar como você vai fazer amor: impossível. Só os armazeneiros de arte pensam o que vão fazer em cima do palco: o artista canta, não pensa o que vai cantar, isso seria para ficar bem, para ganhar os aplausos. Os armazeneiros, minha mãe! Eles procuram aplausos, para eles triunfar é que eles os aplaudem muito.”
“Um dia perguntei a Eduardo Falú, que é um verdadeiro artista, quando ia voltar para Cosquín. Disse-me: quando pararem de dizer 'a ver as palmitas'. Se você pedir aplausos, você não ganhou, você pediu. Como quando você está cantando e as pessoas falam. Eles gostam mais do que te ouvir. Você tem que fazê-los calar com seu canto, não pedindo silêncio.”
“O que acontece é que o mundo, e claro o nosso país, estão estabelecidos em bases falsas; querem nos fazer acreditar que a alegria é ganhar dinheiro e poder. Isso não são valores, são meios para explorar as pessoas. O homem deve cultivar os valores do amor, do sentimento, da honestidade. A alegria está em compartilhar, não em acumular.”
“Minha riqueza e dos meus compatriotas são minhas canções. Por uma razão os canalhas que dirigem o mundo fazem de tudo para que cada povo esqueça suas músicas e assim impor a sua própria. Olhe para os EUA, que com suas músicas comerciais minam os sentimentos de outros países: antes eles nos fizeram dançar com o boogie-boogie, agora com o rock. Eles fazem os meninos saltarem como se fossem macacos para depois olharem para a própria cultura como uma coisa miserável e acabem amando a ali, a dos outros. Estes ianques fazem o mesmo com o dólar. A música de um povo sustenta seus sentimentos. Sua fidalguia está na sua música.”
Horácio Guarany
(Do muro de El Chango Diaz)
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