terça-feira, 20 de setembro de 2011

20 de Setembro, dia do Gaúcho

O que estamos comemorando hoje, mesmo? – Me ajudem ai, se alguém sabe.
Será que estamos comemorando a desgraça das guerras? Ou o heroísmo de facínoras como GARIBALDI, que fugiu da Itália pelas atrocidades que fazia e ao findar a Revolução saiu do Rio Grande com 900 cabeças de gado por diante, rumando para o Uruguai.
Comemoramos a morte de gente inocente que não se importava com os interesses dos grandes estancieiros que os massacravam financeiramente. Comemoramos a dor, que eu vi nos olhos de meu Avô, com seus 80 anos e de olhos marejados contando às desgraças que sofrera quando menino, trauma que lhe durou por toda a vida, quando viu o único cavalo de tração ser levado e as poucas vaquinhas de leite ser mortas para alimentar um bando de bandidos que saqueavam as roças e ranchos pobres, pois isso é a guerra.
Comemoramos a maneira como foram mortos tantos inocentes, como descreve Ângelo Dourado no livro Voluntários de 93, onde um Pai vê o filho ser estaqueado em sua adaga, no meio da escuridão de um campo de batalha ou o triste fim de um homem como Inácio Côrtes que foi tirado de dentro de casa, com mais um filho e um genro, pois não queria fazer parte da guerra e após 5 dias estaqueado à luz do sol, sem água e se comida, implorando, lhes foi dado uma costela e ele comeu pensando que fosse costela de carneiro e era a costela do próprio filho que havia sido morto.
Comemoramos o quê?
Será que comemoramos o extermínio dos Lanceiros Negros em Porongos, enquanto os caudilhos bebemoravam com champanhe importada nos grandes clubes da Capital, rodeados de belas mulheres de vida fácil?
Talvez, comemoramos a nossa falta de cultura, a nossa falta de conhecimento. Comemoramos a imposição de uma tradição antiga, ultrapassada e esdrúxula. Onde os homens tem-se que se fantasiar de Getúlio Vargas para serem aceitos na sociedade tradicionalista e a mulheres de finas e fantasiosas "senhoras da côrte", com seus vestidos de veludo importando e belas madeixas cheias de produtos americanizados.
Essa é a nossa Tradição. Encilhar um cavalo, só nos 20 de setembro, erguer um borrachão de canha e sair pelas ruas asfaltadas, gritando e mostrando o que não conhecem.
Enquanto a lojas se esbaldam, vendendo seu produtos industrializados, num comércio sem igual. Pois, hoje, infelizmente é o que eu penso do dia do gaúcho. Se alguém sabe alguma coisa diferente, por favor me explica. 

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