sábado, 24 de setembro de 2011

OS PRIMEIROS CONCEITOS SOBRE DANÇAS TRADICIONAIS GAÚCHAS

As danças estão impregnadas do verdadeiro sabor crioulo do Rio Grande do Sul, são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e de respeito à mulher, que sempre caracterizou o campesino rio-grandense. Todas elas dão margem a que o gaúcho extravase sua impressionante teatralidade. Danças que sufoquem a teatralidade do gaúcho, ou que venham colidir com o respeito que o gaúcho nutre pela mulher, jamais poderiam ter vingado no ambiente gauchesco.

Estas danças são gaúchas não porque tivessem se originado inteiramente no ambiente campeiro, mas porque o gaúcho, recebendo-as de onde quer que fosse, lhes deu música, detalhes, colorido e alma nativa.

A música popular pode ser uma manifestação puramente individual. A dança popular sempre será uma manifestação coletiva. 
A formação das danças populares obedece a fatores e influências distintas daquelas que se observam na formação da música popular. Na música prepondera a criação direta do indivíduo. Na dança, a força criadora mais potente se encontra no grupo social.

A origem das mais antigas danças populares brasileiras está escondida na Espanha dos séculos XVII e XVIII. E a origem imediata das danças gaúchas mais antigas se encontra nas velhas danças brasileiras. O Rio Grande do Sul iniciou seu processo de formação dois séculos e meio após a descoberta do Brasil; assim sendo, o Estado mais meridional da União sentiu, já em suas raízes, como principal força de influência, aquela profunda mestiçagem cultural que dois séculos de povoamento haviam elaborado no Brasil.

A mais típica representação tradicional do Rio Grande do Sul, no campo das danças, é o velho "fandango". Chamou-se "fandango', no antigo Rio Grande, a uma série de cantigas entremeiadas de sapateado. Estas canções, bem como o ritmo, a música, enfim eram essencialmente mestiças do Brasil; já o sapateado, amoldado ao ritmo regional, se originara das antigas danças de par solto, características da romântica Espanha. Estes bailados espanhóis constituíram o primeiro "ciclo" ou "geração" coreográfica que interessa ao estudo da formação das danças populares brasileiras.

Lançado da Corte de Luiz XIV veio o Minueto, mais tarde, dar origem a nova geração coreográfica: as danças graves, de pares ainda independentes uns dos outros.

Da Inglaterra surgiu a "country dance" - e esta gerou o ciclo das contradanças e quadrilhas, bailados de conjunto, sob comando, de pares absolutamente dependentes uns dos outros.

Finalmente, a valsa veio abrir caminho para uma última geração coreográfica, que chegou até nossos dias: as danças de pares enlaçados.

Uma página do tradicionalista Cezimbra Jacques, escrita em fins do século passado, resume - com referência ao Rio Grande do Sul - tudo o que poderíamos dizer sobre o processo de formação das danças gaúchas. Eis o tópico essencial: "O fandango, que até pelos anos de 1839 e 1840 ainda era muito usado, foi sendo substituído pelas danças vindas da Europa, como o ril, a gavota, o sorongo, o montenegro, a valsa e, mais tarde, as polcas, os chotes, as contradanças, as mazurcas e, finalmente, as lindas havaneiras, expressão musical do langor e dos requebros".
Fonte: Paixão Cortes e Barbosa Lessa

          Nesse belíssimo texto escrito por Paixão Cortes e Barbosa Lessa, mostra o que o nosso gauchismo não quer ver, quase todas as danças, tão exaltadas nos concursos e apresentações, vieram da Espanha, ou melhor, dos grandes Salões da Burguesia Espanhola, e foi se infiltrando pelos rústicos CTGs, que naquela época era da mais pura autenticidade campeira. Só não consigo entender, como pode essa indumentária fantasiosa e esdrúxula pode permanecer dentro dos Centros de Tradições e uma bombacha que se diz "Castelhana" não. Porque não aceitar a boina e a alpargata, visto que ambas, também vieram da Espanha, só que essas das classes pobres. 
        Talvez um dia, alguém possa me ensinar essas coisas que não entendo, ou será que nosso Tradicionalismo é feito para os Burgueses?
         Me ajudem ai, ô!

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