Foto: Ronald Mendes / Agencia RBS
Conhecido por ser uma das melhores casas de espetáculo do país, o Theatro Treze de Maio viveu um momento emblemático no último 7 de novembro, quando um decreto do Executivo autorizou seu tombamento como Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria.
Mais de um século depois de ser erguida, a edificação recebeu a garantia de que a história será preservada em memória e materialidade.
O imponente prédio com traços neoclássicos, construído em frente à Praça Saldanha Marinho, entra para o seleto grupo de edificações tombadas pelo do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), órgão que é responsável pela preservação e manutenção da identidade arquitetônica de Santa Maria, como a Catedral Metropolitana, a SUCV, sede da prefeitura, o Colégio Manoel Ribas, entre outros locais.
De acordo com o presidente do Comphic, Fábio Müller, na prática, o tombamento significa que o prédio deverá conservar sua originalidade e não poderá sofrer nenhuma intervenção arquitetônica ou outra obra que o descaracterize Conforme Müller, mais do que garantir a estrutura histórica, o ato do tombamento também tem um valor simbólico:
- Ainda que tardio, este reconhecimento desperta nos cidadãos a importância do que é patrimônio e preservação. São esses testemunhos da nossa história que nos dão identidade enquanto povo.
Müller ainda ressalta que o tombamento garante a conservação da volumetria original e elementos decorativos e arquitetônico das fachadas, como janelas, luminárias e escadarias. (confira esses detalhes no site do Diário). Contudo, não entraram no projeto de tombamento a cobertura do prédio, o piso e quaisquer alterações na construção que descaracterizaram a construção original. A atual cor da fachada, por exemplo, não segue o tom da primeira pintura no prédio.
Em meio a questão histórica, o presidente do Comphic admite que os esforços para o tombamento visaram solucionar um impasse com o Corpo de Bombeiros.
- As exigências absurdas de um Plano de Prevenção Contra Incêndio (PCCI) para um prédio como o do teatro, entrariam em conflito com a sua arquitetura - explica.
Os desafios da preservação
Fundado em 1890, quando a jovem Santa Maria ainda tinha 32 anos, o Theatro Treze de Maio foi construído da união de esforços de uma sociedade que almejava um espaço dedicado à arte e à cultura, tendo à frente a figura de João Daudt Filho e a responsabilidade técnica do arquiteto Carlos Boldrin. Nas instalações do Treze, já funcionaram a biblioteca pública, um centro cultural, redação de jornal, foro da cidade e sede do aeroclube de Santa Maria. O nome foi escolhido em homenagem à abolição da escravatura no Brasil, assinada pela princesa Isabel, em 1888.
Segundo a diretora do Theatro, Ruth Peyreiron, o local passou por pelo menos três reformas: a primeira na década de 30, depois em 1989 e em 1995, quando fomentado pela já atuante Associação dos Amigos do Theatro Treze de Maio, culminou na reinauguração do espaço em 26 de maio de 1997.
Os desafios da preservação vão além de questões estruturais. O tombamento prevê que o espaço será destinado apenas a atividades culturais, não sendo permitidos atos de cunho político ou religioso. O tombamento também não altera a manutenção e captação de recursos que mantém o local que são a mensalidade dos associados, os aluguéis da casa e verbas de projetos culturais de âmbito municipal, estadual ou nacional.
- Santa Maria e região podem ficar seguras de que não deixaremos uma parte de nossa história acabar. Tenho recebido e-mails e ligações das pessoas me felicitando - orgulha-se dona Ruth.
Conforme o professor e arquiteto Luiz Gonzaga Binato de Almeida - que há três anos faz pesquisas para compor um livro sobre e história do Theatro Treze de Maio - o tombamento resguardará a história e a memória coletiva do município:
- Foi um espaço sempre atuante, que representa uma série de usos culturais. A cidade assegura, com a preservação do prédio, uma referência visual, já que o Theatro Treze de Maio é um marco insubstituível para a paisagem urbana - explica Binato.
Texto de Pâmela Rubin Matge pamela.matge@diariosm.com.br
Fonte: http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/
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