sexta-feira, 25 de outubro de 2024

SILVIO AYMONE GENRO

 A Genialidade de um poeta é transmutar para o papel o verso que todos gostariam de ter escrito, onde o simples se inunda nas águas da poesia e se banha as correntezas do incomum. O Verso!
SILVIO AYMONE GENRO é um desses Poetas que a gente não se cansa de ler e de escutar, pois sua genialidade extrapola os limites do gênio e se aproxima da divindade, quando sua escrita baila nos contornos das linhas, em que o poema precisa repousar para engravidar-se de poesia.

Guarda Chuvas...é apenas um dos grandes poemas, desse Uruguaianense que sorve das águas, profundas e sábias, do Rio Uruguai e transborda lucidez poética vendo o sol se banhar nas tarde mornas da bela fronteira oeste. 

Terra da Califórnia, de Colmar Pereira Duarte, de César Passarinho, de Knelmo Alves, de Mauro Moraes, dos Joãos, das Marias, dos andantes, de Silvio Aymone Genro, gênios que a arte nos empresta para aprendermos a nos deliciarmos alimentando os olhos com o que há de ais belo na vida, a Poesia!

Que tenha vida longa essa senhora chamada, Poesia. E se abriguem dos temporais sob esse... 

GUARDA CHUVAS...
Silvio Aymone Genro

Com tanto ofício no mundo
Mais atraentes que o seu...
-Consertar guarda-chuvas,
Foi o que ele escolheu.

Que era um homem comum,
Até ele próprio sabia...
E só ganhava importância
A cada vez que chovia.

Foram tantos guarda-chuvas,
Centenas deles, talvez!
Que ele refez, com capricho,
Como da primeira vez...
E o sincronismo quebrado,
Consertado com amor,
Devolvia aos guarda-chuvas
Um fechar e abrir de flor!

Até as sombrinhas floridas
Que os ventos despetalavam,
Como num passe de mágica,
Entre suas mãos... Rebrotavam!

Num mundo tão consumista,
Pra que se vai consertar?
-Se um guarda-chuva estraga,
Compra um novo em seu lugar!
Porém tem coisas na vida,
Que além de coisas somente,
São tão iguais as pessoas...
-E até melhores que a gente!
-Consertar guarda-chuvas...
Ofício raro hoje em dia...
Tal qual profissão de poeta,
Que teima em fazer poesia.

Que nobre missão a sua,
Plena de gestos louváveis!
Num tempo em que até as pessoas
São julgadas descartáveis.

Mas tinha um carinho à parte
Com guarda-chuvas antigos...
Talvez, porque os velhos trastes,
Se assemelhassem consigo.
Quem sabe, os guarda-chuvas,
Espelhassem sua pureza...
-Quando abria um sorriso
Ou se fechava em tristeza.

Tudo na vida tem fim,
Cada coisa tem sua hora...
E o que não tem mais conserto,
O mundo vai jogando fora.

Um dia, homem e ofício,
Sofrerão mesmo abandono:
-Feito os velhos guarda-chuvas
Esquecidos por seus donos!

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