
História
A República Rio-Grandense foi um Estado-nação formado na região sul do Brasil, deflagrando o atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul, sendo a mais longa revolta brasileira da qual se tem conhecimento, e, portanto, a mais longa do Império do Brasil (1822-1889) - o nome oficial do Estado brasileiro à época -[1]. Foi proclamada em 11 de setembro de 1836, pelo general Antônio de Sousa Neto, como consequência direta da vitória obtida por forças oligárquicas gaúchas na Batalha do Seival (1836), durante a Revolução Farroupilha (1835-1845). No entanto, o objetivo principal nunca foi proclamar um estado-nação próprio, e, portanto, separado do Estado brasileiro, mas sim mostrar ao Império do Brasil que as oligarquias gaúchas não estavam nem um pouco satisfeitas com os altos impostos.
O Uruguai, através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a legitimidade desta república.
A bandeira oficial da República Rio-Grandense era composta pelas cores-símbolos do Brasil, o verde-amarelo, com o vermelho, que simboliza a república, entrecortando as mesmas. Entretanto, há uma versão que diz tratar-se o verde da bandeira portuguesa e o amarelo da bandeiraespanhola (respectivamente, o mais importante colonizador e o segundo mais importante colonizador, do território do estado do Rio Grande do Sul), entrecortados pela listra vermelha em vertical que seria símbolo de federação na região platina desde a época de José Gervásio Artigas (1764-1850). No entanto, o verde só seria adicionado à bandeira portuguesa em 1910, 65 anos depois do término da Revolução Farroupilha (1835-1845). Da mesma forma, a atual bandeira do estado do Rio Grande do Sul vem a ter as mesmas cores, tendo sido adicionado o brasão da República Rio-Grandense no meio da bandeira.
Os principais líderes sul-rio-grandenses eram estancieiros, que estavam insatisfeitos com os altos impostos sobre o charque e o couro, de modo que os mesmos produtos estrangeiros fossem mais baratos que os nacionais. Os mesmos haviam aprendido a arte da guerra nas guerras platinas, mais precisamente na Guerra da Cisplatina (1825-1828). A Constituição da República Rio-grandense foi aprovada em 1843, em Alegrete. No entanto, as oligarquias gaúchas se consideravam brasileiras, ainda que tivessem se rebelado por essa disparidade econômica. O mesmo acontecia com a população do Rio Grande do Sul, que também se considerava brasileira, ainda que tenham sido convencidos a lutar em favor dos estancieiros gaúchos, em função dos altos impostos sobre o charque e o couro, que prejudicavam diversos setores da economia local. Uma das únicas cidades que não aderiu aos revoltosos foi Porto Alegre, que por esse motivo recebeu do Império o título de "Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre", seu lema oficial até hoje. Atualmente, Porto Alegre é a capital mais desenvolvida da região sul do Brasil.
História
A economia da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul do Império do Brasil era voltada principalmente para a produção de charque e couro. A província voltava a sua produção para o mercado interno, do qual dependia inteiramente. Mas com o câmbio sobrevalorizado e os benefícios tarifários então oferecidos, o charque importado tinha um custo inferior ao nacional. Assim sendo, os estancieiros da região iniciaram uma rebelião contra oImpério, e, no dia 10 de setembro de 1836, ocorreu a Batalha do Seival. Com a fulminante vitória dos revoltosos, liderados por Antônio de Sousa Neto, a idéia separatista tomou forma. No dia seguinte, em 11 de setembro, o general Souza Neto proclamou a República Rio-Grandense.[2]
Outro líder separatista, Bento Gonçalves, então preso por forças imperiais na província da Bahia, foi aclamado presidente em 6 de novembro de 1836, junto com 4 vice-presidentes: 1º - Antônio Paulino da Fontoura, 2º - José Mariano de Matos, 3º - Domingos José de Almeida, 4º - Inácio José de Oliveira Guimarães.

Entretanto como Bento Gonçalves estava preso foi necessário eleger um novo presidente, o escolhido foi José Gomes de Vasconcelos Jardim, que imediatamente nomeou o ministério da república:
Domingos José de Almeida - ministro do interior e fazenda
José Pinheiro de Ulhoa Cintra - ministro da justiça e estrangeiros
José Mariano de Matos - ministro da guerra e marinha
Ao longo da guerra foram nomeados os generais da república
João Manuel de Lima e Silva - Bento Gonçalves - Antônio de Sousa Neto - Bento Manuel Ribeiro - Davi Canabarro - João Antônio da Silveira
A primeira capital da nova república foi a cidade de Piratini. Em 1839, forças lideradas pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e pelo gaúcho Davi Canabarro proclamaram a República Juliana na província de Santa Catarina, tomando a cidade de Laguna. A nova república formou uma confederação com a Rio-Grandense mas não durou muito, pois não conseguiu tomar a capital provincial de Nossa Senhora do Desterro.
A República Rio-Grandense foi dissolvida em 1 de março de 1845, pelo Tratado de Poncho Verde, que manteve em vigor algumas leis derivadas da constituição Rio-Grandense. Teve ao todo cinco capitais durante os seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul, Alegrete e São Gabriel (capitais oficiais), Bagé (somente por duas semanas) e São Borja. Os seus presidentes foram Bento Gonçalves e Gomes Jardim.
Reconhecimento entre os povos
O Uruguai, através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a legitimidade desta república. Outros reconhecimentos como os dos Estados Unidos da América, França e Inglaterra, que o haviam feito na desanexação da República Oriental do Uruguai não se formalizaram oficialmente. As Províncias Unidas do Rio da Prata, à época estavam sendo unificadas pelo ditador Rosas e tentavam recuperar o território uruguaio (Guerra Grande), não afastando também a possibilidade de auxílio aos separatistas riograndenses. Juan Manuel de Rosas, o ditador argentino, ofereceu apoio para que David Canabarro continuasse a luta.[6] Juan Manuel de Rosas foi posteriormente afastado do poder na Argentina, após confronto bélico em que tropas brasileiras participaram da luta.
Perenidade

A República Rio-grandense está simbolicamente perenizada na bandeira e no brasão do estado do Rio Grande do Sul, da mesma forma que outros estados brasileiros mantiveram em seus símbolos cívicos evocações a feitos relevantes. O seu território derivou de cisão parcial da Província de São Pedro do Rio Grande, que teve seus limites definidos em relação ao Uruguai somente após o final da Guerra dos Farrapos. Após a proclamação da República brasileira, todo o território da Província passou a constituir uma das unidades federativas brasileiras: o estado do Rio Grande do Sul. Hoje há 27 unidades federativas.
Questionamento sobre o Documento do Tratado de Poncho Verde
Numa hipótese de nulidade do Tratado de Poncho Verde, por inexistência formal ou incompetência dos signatários, a República remanescente nos dias posteriores careceria de soberania, pois não detém os requisitos que a legitimem:
Não detém o monopólio da força, já que deixou de ter Exército próprio: sedia o comando militar do sul, do Exército Brasileiro.
A sua administração não é independente da União, dentro do pacto federativo brasileiro, e tampouco houve posterior indicação ou eleição de outro presidente nacional desta República para além de Bento Gonçalves e Gomes Jardim.
Finalmente, os habitantes do território se declaram brasileiros e participam da vida política brasileira; carecendo assim do terceiro elemento fundamental para a existência legítima de qualquer
Estado nacional
Entretanto, dentre os numerosos entendimentos sobre o que é Estado, podemos citar o firmado na Convenção de Montevideo em 26 de dezembro de 1933, sendo o Brasil um dos signatários. Nessa convenção a definição de estado consiste num(a):
governo, população permanente, território definido e capacidade para se relacionar com outros estados.
Fonte: Wikipedia
Fonte: Wikipedia
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