quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ginete monta em cavalo xucro para relembrar força da mulher gaúcha


Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Entre homens jovens e adultos, campeões e amadores, Erlita Mendes destaca-se pela garra sobre o cavalo xucro. De madeixas a balançar com o pinote do animal, a caxiense não entra na cancha de rodeio para demonstrar força ou coragem. De tento em mãos, a ginete arrisca-se, desde os 18 anos, pelo resgate de uma história – que, para ela, tem linhas mal contadas. — Muito se fala sobre os homens, os heróis que lutaram por nossa terra. Subo no cavalo para representar nossas avós, bisavós e tataravós que domavam animais e cuidavam dos filhos nas estâncias. Quero lembrar que a força feminina também esteve presente na história gaúcha — justifica. Para isso, Erlita percorre o Estado conquistando espaço e premiações em um ambiente tradicionalmente masculino. Uma das únicas mulheres ginetes, aos 27 anos, contabiliza a participação em mais de 30 provas de rodeio – em uma delas, apoderou-se do oitavo lugar em um ranking que incluía 50 homens – e já abriu mais de 150 eventos com apresentações sobre lombo do cavalo. Dos tombos, a ginete recorda de apenas um. Foi quando o cavalo caiu sobre ela quebrando-lhe o braço. Nada grave, afirma. E é com a mesma confiança que responde quando lhe perguntam se sente medo. — É um sentimento que não tenho dentro de mim. O que sinto é uma gana de mostrar, da melhor maneira, o que vim para fazer: lembrar da garra do povo gaúcho, de homens e de mulheres — explica. E se o namorado Paulo Schmidt reclamar, preocupado com as possíveis quedas e machucados, Erlita deixa bem claro: — Ele sabe o que acontece se eu tiver que escolher entre ele e a gineteada. Por enquanto, nada faz Erlita pendurar as esporas Não é o namorado. Também não serão a faculdade de Agronomia, nem a loja de agropecuária que administra em Caxias do Sul, motivos para pendurar as esporas. E, se algum dia isso acontecer, pretende ter repassado tudo o que aprendeu para a próxima geração de sua família. A sobrinha Luíza Gabriela, dois anos, já se mostra como uma forte candidata a aprender um grande segredo de campeã: — Alguns chamam a gineteada como uma peleia entre o homem e o cavalo. Eu penso diferente. Antes de montar, me aproximo do animal e faço uma oração. Rezo para que Deus nos abençoe e que sejamos uma dupla, não adversários. É uma questão de cumplicidade.

Fonte: Zero Hora

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