quarta-feira, 16 de maio de 2012

Silêncio no salão


Foi-se o tempo em que o baile se estendia até o sol raiar. Agora, tradição gaúcha tem hora para acabar a não adianta sapatear. Os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) estão tendo de se adaptar ao Código Municipal de Posturas e respeitar a Lei do Silêncio. Por determinação da Justiça, o CTG Farroupilhas, localizado na Rua Otávio Rocha, no bairro Itararé, foi fechado e só reabrirá quando instalar um isolamento acústico. Pelo menos outras três entidades tradicionalistas, entre elas o Piá do Sul e o Sentinela da Querência, estão se incomodando com os vizinhos que reclamam do barulho.

O Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul também sofreu processo judicial, mas conseguiu entrar em acordo com a vizinhança da Rua Justino Couto, no bairro Duque de Caxias. Segundo o patrão Newton Machado, os vizinhos reclamaram do barulho, mas também estão ajudando a solucionar o problema. Eles doaram tijolos para aumentar o muro na tentativa de barrar a propagação do som. Além disso, o CPF está improvisando para melhorar o isolamento da sede: sacos de estopa estão sendo colocados no teto, e o ensaio, que antes passava das 23h, hoje termina obrigatoriamente às 22h. A programação da Semana Farroupilha também foi afetada – em vez de diária, ficou mais esparsa para não incomodar vizinhos. Além dos shows em dias alternados, o som será mais baixo.

O CTG Sentinela da Querência, na Rua Silvino Zimmermann, em Camobi, recebeu notificações sobre o barulho por parte do município e também tenta se adequar aos horários de silêncio, entre 22h e 7h. O ideal seria implantar o projeto de isolamento acústico, mas o custo foi avaliado em cerca de R$ 300 mil, em função do tamanho do local. As invernadas estão ensaiando até as 23h.

Já o CTG Ponche Verde, na Venâncio Aires, no centro da cidade, recebeu reclamações informais e modificou seus horários de ensaio para o problema não crescer. As invernadas artísticas ensaiam até as 21h30min durante a semana. Aos finais de semana, os bailes iniciam à meia-noite terminam às 3h.

O problema, segundo João Carlos Cardoso de Lima, coordenador da 13ª Região Tradicionalista (RT), é que a maioria dos CTGs foi construída há pelo menos 30 anos em locais onde não eram povoados, mas a cidade se expandiu, trazendo mais vizinhos para os CTGs.

– A cidade não era tão urbanizada, e os prédios continuam os mesmos daquela época, quando não havia preocupação com a acústica. Nem a 13ª RT nem os CTGs têm arrecadação suficiente para um isolamento acústico, que hoje é imprescindível. Estamos, dentro da lei, tentando reverter os processos – afirma Lima.

Fonte: Diário de Santa Maria

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