quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CRITICAR OU RECONHECER? EIS A QUESTÃO!

Belo texto do amigo Léo Ribeiro, que concordo em gênero, número e grau, por isso, compartilharei na integra, pois é de se pensar...

Hoje, pela matina, me olhei no espelho, me incluí no tema, e fiquei pensando como é bem mais simples criticar do que valorizar o trabalho de alguém. Peguemos como exemplo a cultura gaúcha e suas diversas ramificações. 

- Na poesia: Os poetas terrunhos criticam os mais contemporâneos, de métrica descompromissada e rima livre. Dizem que: o que fazem é um texto e não uma poesia. Já os poetas mais abertos, não muito preocupados com a história e o passado, criticam os vates campeiros pelo palavreado tosco e antiquado alegando que “o mundo evoluiu...” Uns criticam pela singeleza, outros pela linguagem rebuscada. Uns por despeito, outros por acharem-se superiores... O concorrente critica o jurado, o jurado o declamador, o declamador a robotização oriunda do ENART... A prosa critica o verso que critica a poesia que critica a.... Se o poeta Aureliano de Figueiredo Pinto e o declamador Marco Aurélio Campos, ícones nesta seara da poesia e declamação, fossem vivos, hoje, não estariam imunes às críticas! 

- Na música: Os fandangueiros serranos bombeiam de “revesgueio” os "auto-suficientes" missioneiros, que desprezam os fronteiriços, que não se alinham aos “tchês”, que acham os festivaleiros arrastados demais, que afirmam serem os serranos musicalmente primários e poeticamente fracos...

 - No CTG: Os sócios criticam a patronagem que deixa tocar maxixe, que critica os sócios que não vão ao baile pilchados, que criticam a falta de opções dos CTGs, que criticam os filiados pela falta de pagamento da mensalidade... 

- Na indumentária: Os de bombacha estreita criticam a padronização da vestimenta; os de lenço comprido olham de soslaio os de lenço curto; os de boina e alpargatas dão risadas das diretrizes da pilcha, que não prevêem boinas e alpargatas...

 - Na escultura: o Laçacor implica-se com o Monumento às Cuias que vê arte antiga e ultrapassada nas formas arrendondadas da estátua do Gaúcho Oriental, que se acha deslocado e escondido num canto da Redenção, que deseja seu cercamento, que... 

- Nas danças artísticas: .... meu Deus do céu. Nem é bom falar. Virou guerra... 

- Nos rodeios: Uma verdadeira sindicância: Tem carteirinha tradicionalista? Teu bacheiro é discreto? Teu chapéu tem barbicacho? A tua corda é de couro, nylon, imbira...? 

- Nas ideologias: É contra ou a favor do separatismo? Gildo ou Teixeirinha? Alegrete ou Livramento? Báio ou Gateado? Gaita ou Violão? Serra ou Fronteira? Lua ou Sol? 

Uma coisa eu garanto. O gauchismo perfeito não existe, nunca existiu, nunca vai existir. O que temos que fazer é conviver com nossas diferenças, com as sub-culturas, RESPEITANDO e VALORIZANDO aquilo que é feito por quem está além do espelho, ou seja, além de mim.

Fonte: Blog Léo Ribeiro

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