sábado, 12 de setembro de 2015

ORIGEM DA NOTAÇÃO MUSICAL/PARTITURA

 Você meu caro visitante deve ter se deparado com esses sinais e ter imaginado como é que estas notas conseguiram esse nome? quem pôs? e porquê? quando foi isso? Bem meu caro seus problemas acabaram.
Na verdade a Música como arte sofreu uma grande reviravolta  na Idade Média. Houve um monge italiano por nome de Guido d’Arezzo, que era um regente do coro da Catedral de Arezzo na Região da Toscana, que reformou a música, e esta tomou uma grande evolução mesmo em meio a “Idade das Trevas” como foi conhecido por muito tempo o período medieval, mas sabemos que este termo já caiu em desuso. Durante muito tempo a música foi passada oralmente de uma pessoa para outra até a invenção da escrita musical, a qual se concretizou no Século IX.

Guido d’Arezzo (992 – 1050) : O Reformador da música ocidental

Entre outras reformas, d’Arezzo sugeriu que fossem utilizado o tetragrama, surgindo assim, as primeiras partituras em que os compositores grafavam as suas composições.
Um exemplo de tetragrama
É claro que estas não surgiram da noite para o dia. Elas sofreram diversas alterações até chegar a esta  configuração que foi utilizada na música sacra do período Medieval, sendo utilizado no Cantochão (Canto Gregoriano) e atingindo o formato atual somente no Século XV.
Com relação as notas e seus nomes, foi uma outra contribuição deste religioso, que se utilizou das primeiras sílabas do hino a São João Batista para nomear as notas que conhecemos hoje. Isto foi muito importante para o desenvolvimento da Música como um todo.
himnosanjuanbautista hino a são João Batista
Hino a São João Batista, de onde foi retirado o nome das notas que conhecemos hoje
Aqui vai uma versão mais compreensível:
oracaolatin
As letras em vermelho são os nomes das notas que conhecidas
A tradução é:
A escrita musical é uma ferramenta muito importante de comunicação entre músicos em todo o mundo, por isso existem várias maneiras de se escrever música, dentre elas, a mais usada de todas é a partitura, uma escrita fundamental devido a sua completa forma de simbologia musical; contendo notas, figuras musicais, dinâmica e outros.
Imaginando que trata-se de uma linguagem universal e uma forma singular e completa de execução de uma música, propõe se a partir desse artigo, uma breve análise sobre tal forma de escrita e a complementação com outras formas de se escrever música através dos seguintes assuntos: escrita musical: início e sua importância para o registro da históriaevoluções e características da escrita musical, registrando a música na atualidade: outras formas de escrita, concluindo com as considerações finais.
Foram utilizados como referencias para fomento sobre o assunto os seguintes autores: GROUT: PALISCA (1988), CHEDIAK (1986), PINTO (ano), FARIA (2009), BENNETT (1986), além de pesquisas via internet.
  1. Escrita musical: início e sua importância para o registro da história.
Os primeiros registros escritos de música que se tem notícia na história, ocorreram ainda na Grécia antiga por volta do século I d.C.
Foi através do registro que ficou conhecido como epitáfio de Seikilos que se iniciou o processo da escrita musical que temos hoje. Segundo o site wikipédia, “o epitáfio de Seikilos é famoso por ser o mais antigo exemplo encontrado de uma composição musical completa, incluíndo notação musical e letra no mundo ocidental”. Era o registro de uma melodia de uma música grega e foi encontrada gravada em uma lápidena Turquia, tratava-se de uma homenagem a esposa de um certo Seikilos enterrada no local. Segue abaixo a imagem encontrada na lápide.
De acordo com GROUT e PALISCA (1988) esta música encontrada escrita no túmulo não é o registro mais antigo, porém tem uma escrita mais completa e apresenta mais facilidade de ser lida e desenvolvida musicalmente. Tal afirmação, pode ser analisada a partir desse pensamento:
O epitáfio de Seikilos, embora seja o mais tardio dos dois exemplos, será examinado em primeiro lugar, uma vez que está completo e apresenta menos problemas analíticos. O texto e a música estão inscritos numa estela ou pedra funerária encontrada em Aidine, na Turquia, próxima de Trales, e datam, aproximadamente, do século i d.C. pág. 28.
A música traduzida hoje seria transcrita da seguinte maneira:

E O TEXTO:

Hoson zes, phainou
Meden holos su lupou
Pros oligon esti to zen
To telos ho chronos apaitei
Enquanto viveres, brilha
Não sofras nenhum mal
A vida é curta
E o tempo cobra suas dívidas

A PARTIR DO SÉCULO IV D.C. HAVIAM CERCA DE 1600 SINAIS, SÍMBOLOS E FORMAS DE LETRAS, POSSUIA UM SISTEMA DE NOTAÇÃO PARA MÚSICA VOCAL E OUTRO PARA INSTRUMENTAL.

Notação com Letras:




No século IX, aparece o primeiro registro da música escrita em papel ainda com letras e observa-se que existem várias indicações, em forma de símbolos no texto a seguir relacionados à mudança de entonação vocal que em muitos casos era interpretada em forma de melisma*.

  1. Evoluções e características da escrita musical.
Nos século IX ocorre à aparição da polifonia que consistia em várias linhas melódicas executadas simultaneamente, dando origem a um novo pensamento musical com arranjos voltados para várias vozes dentro do coral.
Em meados do século X, surge um monge italiano chamado Guido d’Arezzo que foi uma das figuras mais importantes da música em todos os tempos. Ele trouxe várias inovações que convencionaram o sistema musical e o mais famoso foi o processo de nomeação das notas musicais a partir do hino de São João Batista.
  • Utqueant laxis
  • Resonare fibris
  • Mira gestorum
  • Famuli tuorum
  • Solve polluti
  • Labii reatum
  • Sancte Ioannes
Que significa:
“Para que teus grandes servos,
possam ressoar claramente
a maravilha dos teus feitos,
limpe nossos lábios impuros, ó São João.”
Esse sitema era hexacordal (seis notas), e tinha um padrão fixo de intervalos: dois tons, um semi-tom e dois tons, e de lá pra cá muitas adptações foram feitas como o acrescimo da sétima nota “Sí”, e a substituição da sílaba “Ut” por “Dó” por conta da entonação ser mais fácil.
  1. Registrando a música na atualidade: outras formas de escritas.
Atualmente existem diferentes tipos de escritas musicais que buscam “facilitar” o acesso as pessoas que não sabem ler música, da maneira formal (com o uso da partitura) a comunicação com outros músicos. Como exemplos, citaremos a seguir além da partitura, algumas dessas outras formas:
3.1  Partitura:
De acordo com a metodologia de Henrique Pinto, a partitura torna-se fundamental para ajudar aprimorar cada problema durante as várias etapas da iniciação musical violonística, pois sobre esta base irá ser construída toda a evolução instrumental dos estudantes de violão. Como exemplo, segue em anexo 3.1 a música Valsa da pág. 61 do livro Iniciação ao Violão de Henrique Pinto.
É notório que o uso da partitura é indispensável para uma leitura completa que inclua rítmo, melodia, dinâmicas, etc, pois em outras maneiras não seria possível o entendimento por completo de sua escrita.
3.2  Sistema de Cifragem:
A cifra é um sistema de leitura musical que surgiu ainda na Renascença, para facilitar a leitura de acordes no instrumento popular da época, que era o Alaúde, e até hoje tem ajudado na compreensão do pensamento musical de instrumentistas de acompanhamento harmônicos. Segundo Chediak, “cifras são símbolos criados para representar o acorde de maneira prática”. (1986, p. 75). A cifra é composta de letras, números e sinais.
A – Lá maior
B – Si maior
C – Dó maior
D – Ré maior
E – Mi maior
F – Fá maior
G – Sol maior

a) Acrescentando a letra “m”, criam-se as cifras dos acordes menores:
Am – Lá menor
Bm – Si menor
Cm – Dó menor
Dm – Ré menor
Em – Mi menor
Fm – Fá menor
Gm – Sol menor
  1. b) Colocando números, letras e símbolos dentro dos acordes. Exemplos de escrita e fala:
C7M – Dó com 7ª maior
Dm7/9 – Ré menor com 7ª e 9ª
G7/13 – Sol com 7ª e 13ª
             E7 – Mi com 7ª
             Bm7/b5 – Si menor com 7ª e 5ª diminuta
             Bb7/9 – Si bemol com 7ª e 9ª
             D#m7(#5) – Ré sustenido menor com 7ª e 5ª aumentada
3.3  Diagrama ou Desenho de acordes:
Nelson Faria define diagrama como uma boa maneira para exemplificar os acordes no braço do instrumento, e como exemplo, na pág. 11 de seu livro, sugere o gráfico abaixo:
 
Considerações finais.
Concluímos que é de extrema importância e fundamental para o registro impresso da música e para o próprio registro da história, a escrita musical. Portanto, faz-se necessário a utilização de várias linguagens musicais incluindo a partitura, a cifra e outras formas de codificar o entendimento sobre a música.
Entendemos também, que por meio dessas escritas, ocorre uma facilitação na leitura sobre a execução do instrumento, ou seja, a cifra, por exemplo, é fundamental para instrumentistas que trabalham com a leitura de acordes, a partitura é uma forma de escrita mais abrangente e completa, e por esse motivo talvez seja a mais utilizada em todo mundo.
Na pauta musical, as claves (que podem ser de sol, fá ou outras notas) indicam a região em que a música será executada.
No século 11, por exemplo, os sons passaram a ser chamados de ut (que depois virou dó), ré, mi, fá, sol, lá, si. Nessa época, as seqüências de sons também começaram a ser registradas com maior precisão em linhas e espaços — a pauta. Ela era acompanhada pelas claves, sinais que indicam em que região — se na mais grave ou mais aguda — os sons serão ouvidos ou executados.
Até o século 13, a música instrumental era pouco comum. A música era cantada. Então, existia uma forte relação entre ela e a palavra. O ritmo musical era dado pelo ritmo da palavra e resultava da sucessão de sílabas curtas e longas, acentos fracos e fortes. A duração de cada som, no entanto, não era precisa, pois ela ainda não havia sido medida e nem existia uma preocupação em fazer isso. Sabia-se apenas que o som era longo ou breve e era essa informação que ia para o papel.
A idéia de medir a duração dos sons só chegou à música com a criação do primeiro relógio na cidade de Londres, na Inglaterra, no século 13. Nessa época, surge a preocupação em medir o tempo, o que teve influência na música. A duração do som passa a ser medida e representada na partitura. Também são estabelecidas proporções entre as durações. Ou seja, é definido se a duração de um som é o dobro ou o triplo, por exemplo, de outra duração, que serve como referência.
No final do século 18, os avanços na construção de instrumentos musicais permitem que os músicos comecem a se expressar de novas maneiras. Eles passam, então, a fazer mudanças gradativas na intensidade dos sons durante a execução da música. Por conta disso, surgem sinais para indicar, no papel, essas mudanças gradativas, que vão do pianíssimo — ou pp, que significa muito suave — ao fortíssimo — ou ff. Modificações sutis e gradativas na velocidade em que a música deve ser tocada também começam a ser assinaladas. Elas são indicadas com termos como accelerando — que quer dizer progressivamente mais rápido — e rallentando — gradualmente mais lento.
Como a notação musical sempre procurou acompanhar as mudanças que ocorreram no processo de criação musical e isso continua a acontecer, no século 20, foram criadas representações gráficas dos sons diferentes das que existiam até então. Isso ocorreu por conta dos novos efeitos sonoros e das novas formas de explorar os instrumentos musicais que surgiram na época. De um modo geral, as representações gráficas inventadas no século passado costumam dar maior liberdade ao intérprete da música e o convidam a improvisar.
Na primeira pauta, as alturas e durações dos sons de uma melodia foram
escritas da forma tradicional; na segunda, de uma forma diferente, criada pelo compositor. Suíte mirim para piano, de Ernst Widmer (1927-1990).

Antes de encerrarmos esse papo sobre notação musical, há duas coisas que você precisa saber. A primeira é que, apesar de representar graficamente os sons e as instruções para tocá-los, a notação musical, sob certos aspectos, é bastante imprecisa. Por conta disso, ela permite que nós possamos pensar em interpretações diferentes para a mesma música, o que interfere no seu sentido.
É como na poesia: quando lemos um poema, temos de pensar onde vamos respirar, quanto irá durar nossa respiração, quando recitaremos mais baixo, mais piano ou mais forte, em que momento leremos mais lento ou rápido, em qual trecho apressaremos ou atrasaremos nossa fala e assim por diante. O sentido que o poema irá ganhar dependerá de cada decisão que tomamos.
Além de levar em consideração que a notação musical tem o seu lado de imprecisão, você precisa ter em mente que ler e escrever música, como ler e escrever a nossa língua, exige estudo. Naturalmente, podemos nos comunicar verbalmente, criar poesia e inventar histórias sem saber ler e escrever. Da mesma forma, também podemos inventar música, cantar, fazer desafios e até mesmo tocar “de ouvido”, isto é, tentar reproduzir em um instrumento alguma música de nossa preferência ou alguma idéia musical que tenhamos inventado. Mas, sem dúvida, ao agir dessa forma, ficamos limitados aos nossos sentidos e à nossa memória. E, assim, desperdiçamos a riqueza musical que foi construída por vários artistas ao longo dos séculos.
 Referencial Teórico
 *Melisma é um grupo de notas ornamentadas de uma melodia, cantadas em geral como forma de vocalização usada no canto gregoriano.

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