domingo, 15 de setembro de 2013

Quem sabe não inventa


No vinte de setembro vejo muito usando bombacha comemorando o INICIO da revolução Farroupilha. Só para saber ai vai uma curiosidade sobre o uso da Bombacha.....

Quando Napoleão Bonaparte invadiu o Egito (1803), nas primeiras batalhas sofreu algumas derrotas. A partir daí passou a observar os combates para descobrir onde seus soldados estavam falhando. Percebeu que seus soldados de cavalaria com os uniformes apertados e colados ao corpo eram menos ágeis que os ginetes mouros, vestidos com mantos e calças largas “bombachas”, pois com elas eram livres em seus “corcéis” e dessa forma manuseavam a cimitarra com extrema habilidade. Ao retornar à Europa, a cavalaria de elite de Napoleão usava bombachas como também sua guarda de honra. Turcos, russos, indianos, ucranianos, cossacos e afegãos também a usavam e ainda usam nos dias de hoje.

Há uma história de que foram os Ingleses que difundiram a bombacha na América do Sul, mas na verdade eles não a difundiram como cultura e sim como mercadoria de comércio, pois a venderam como uniforme para os soldados da tríplice aliança que lutaram na guerra que eles promoveram contra o Paraguai.

A roupa mais parecida com bombacha e que os Europeus inventaram é o “Coolote”, muito usado pelos militares de cavalaria e para o jogo de pólo. Daí vem o ditado: “Coolote é bombacha de gringo”.

Em busca de mercados para suas indústrias, os ingleses mergulharam em uma guerra juntamente com os franceses, turcos e sardenhos contra a Rússia que também tentava expandir seu império buscando uma saída para o mar.

Conhecida como a Guerra da Criméia, foi desta empreitada que sobraram as calças largas – bombachas – que os ingleses venderam para os Exércitos da Tríplice Aliança que guerrearam com o Paraguai.

Quando os Jesuítas chegaram ao território missioneiro, hoje Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, os índios que aqui habitavam eram os Charruas e Minuanos, povo que vivia ainda na idade da pedra. Usavam uma vestimenta muito simples e rústica; os homens vestiam-se com uma espécie de calçote, chamado “caiapi” feito em rústicos teares e o material era de procedência vegetal, amarrado na cintura com cordas de couro ou também de vegetal. Assim nos escreve a historiadora Ítala Becker, em seu livro “Os índios Charruas e Minuanos na antiga Banda Oriental do Uruguai”.

Os guaranis que vieram para cá acompanhando os Jesuítas que vinham do Paraguai, usavam uma roupa híbrida, isto é uma mescla de roupa nativa com um toque de roupa civilizada, uma calça de algodão e por cima uma espécie de saiote amarrado entre as pernas e na cintura, com o nome de “xiripá”. Este sim foi largamente usado, principalmente pelos ginetes guaranis em suas lides de campo.

Até o final do século XIX, peões rio grandenses, argentinos e uruguaios ainda usavam o “xiripá” que só foi desbancado pela “bombacha” após a Guerra do Paraguai. E tenho a certeza de que foi a única coisa que os gaúchos trouxeram em sua triste bagagem desta “guerra infame” que não trouxe nenhuma glória para os homens de bem aqui do garrão sul americano.

Os coronéis, “senhores da casa grande” não usavam bombachas, pois era considerada roupa inferior; só os peões a usavam, aliás, nas festas da casa grande, ninguém usava bombacha por ser destinada para ser usada no galpão.

Só recentemente, no Rio Grande do Sul a bombacha passou a ser considerada roupa social, através de uma lei do governador Amaral de Sousa (1989).

Os árabes desfilam no mundo inteiro, com seus mantos e bombachas e são admirados e respeitados. Nós, gaúchos rio grandenses, uruguaios e argentinos, adotamos a bombacha para fazer parte da nossa indumentária com a qual nos identificamos em qualquer parte do mundo. Porém, ainda sofremos olhares pejorativos quando com bombachas frequentamos algum ambiente considerado de “cola fina”.

Texto de: Maxsoel Bastos de Freitas (Poeta, compositor, advogado, pesquisador)

Sem comentários:

Enviar um comentário