quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TERTÚLIA NATIVA - João Barreiro





Andando pelos blogs, visto que sou um leitor assíduo das coisas boas que vagam pelos blogs, achei essa matéria no blog do Sr. Wilmar Machado, um radialista lá de Brasilia, e quero postar para os amigos apreciarem essa matéria. Mais informações no link abaixo.

http://programacantodaterra.blogspot.com/

Amigas e Amigos!

Lendo o caderno de Economia do Correio Braziliense (http://www.correiobraziliense.com.br/) de hoje, encontrei que uma matéria comparando o valor de uma prestação de financiamento imobiliário com o do aluguel de imóvel semelhante. A conclusão apresentada na matéria diz que:
Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, no Brasil, fica mais barato pagar a prestação relativa à compra de um imóvel do que pagar aluguel. O estudo mostra também que a proporção dos que pagam prestação de imóvel aumentou ao longo da última década. [...] Os dados indicam que o custo da habitação pesa mais sobre a população mais pobre, que chega a pagar de aluguel por mês até 2% do valor venal do imóvel, enquanto a população mais rica paga uma prestação bem mais baixa por ter acesso a financiamentos imobiliários. Entre a fatia dos 25% mais ricos da população brasileira, 9% têm contratos de financiamento imobiliário, enquanto na outra ponta, dos 25% mais pobres, apenas 1,3% são mutuários de programas habitacionais.
         Sempre que me deparo com as dificuldades criadas pelo ser humano para dificultar o natural direito à moradia, lembro-me do joão-de-barro, o passáro a quem a própria natureza concedeu esse direito de morar sob um teto digno, que ele mesmo constrói.
         Com a casinha desse pássaro no pensamento, visitei os versos do saudoso Jayme Caetano Braun - no livro "De Fogão em Fogão" - para lhes trazer a poesia abaixo.
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JOÃO BARREIRO

Jayme Caetano Braun

João barreiro...João barreiro...
Velho passaro bizarro
Que dum ranchito de barro,
Amassado com carinho,
Fizeste galpão e ninho
Na maior indiferença,
E nem pediste licença
Pra mim, que sou teu vizinho!

Pois na cabeça dum poste,
Na entrada do parapeito,
Te arranchaste bem a jeito,
Erguendo teu rancho forte,
Meio de esguelha pra o norte
Porque és muito previdente...
Eu até fiquei contente;
Dizem que dás muita sorte!

Ranchito lindo esse teu
Que horas inteiras contemplo,
Tem bem o feitio dum templo
Assim, rústico e bagual,
Que o construtor mais genial
Por mais arte e mais paciência
Leva toda uma existência
Mas nunca fará outro igual!

Por isso fico pensando
No poder do Criador
Que dum pássaro cantor
Assim como tu - Barreiro! -
Fez o maior engenheiro
Que o Céu abriga - chomico! -
Sem mais recursos que o bico
E o velho barro campeiro!

Quando piá, fui meio diabo,
Muito bichinho matei,
Mas sempre te respeitei
Sem saber qual a razão;
Talvez, por veneração
De piazote malcriado
Ao te ver sempre entonado
Nesse rancho de torrão!

Rancho bendito esse teu
Sempre um símbolo da paz,
Portas abertas pra trás
Como a dizer ao viajante:
- "Te apeia e chega pra diante
Pois embora um passarinho
Sei como é triste o caminho
Do guasca que vive errante!" -

E quando a barra do dia
No horizonte se desmancha,
Ao te ouvir pedindo cancha
Num grito de toda a goela
Sinto como é rude e bela
A nossa velha Querência
E como é penosa a ausência
Pra se viver longe dela!

Eu sinto inveja e não nego
Desse teu ninho barreado
Que ergueste desassombrado
Sobre o moirão da porteira.
Pois junto da companheira
Que te ajoujou na ternura
És a própria miniatura
Da fidalguia campeira!

Toda a mística da Raça
Nesse barro sintetizas
E o Rio Grande simbolizas
Bombeando as várzeas desertas
Pois parece que acobertas
Nesse ranchito sem luxo
O coração do gaúcho
Sempre de portas abertas!

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         Com essa poesia do Jayme, mando um abraço carinhoso para a irmã dele e minha grande amiga, Zélia Caetano Braun, apresentadora do programa "Chimarreando com Deus", da Rádio Aliança, de Porto Alegre, minha grande incentivadora nesta caminhada que hoje trilho na apresentação do programa "Canto da Terra", em Brasília.
         Na parte musical de hoje, o vídeo do encerramento da 23ª Moenda da Canção de Santo Antônio da Patrulha, com a vencedora do festival, "Eu e o João de Barro" (letra dee Paulo Ricardo Costa, Santa Maria - RS, e música de Emerson Martins, São Vicente do Sul - RS), na interpretação de Arison e Emerson Martins.

Espero que tenham gostado de nossa Tertúlia de hoje. Aguardo seus comentários logo aí, abaixo.
          Um grande abraço e até a próxima quarta-feira!

Wilmar Machado

Postado por Canto da Terra às 22:59

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