segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quando os mates se amargam

Um dia desse João Maria ia ao meu lado...
Repontando o vento num zaino escarceador,
Cutucando a aurora no silêncio das canhadas...
Tropa espichada no vazio de um corredor;

Mas a vida nos golpeia com tento e lonca,
E traz remansos de aguaceiros para o olhar,
De duas almas tão iguais em tempo e vida...
Restou só uma com saudades para chorar;

João Maria chegou novo aqui no rancho,
Pois já sabia o caminho e hora para chegar...
Foi o destino que reuniu velhos parceiros,
Que n' outras vidas tinham razões para sonhar;

Mas o tempo é mais cruel para quem fica...
Pois quem vai, já sabe bem para onde ir,
Deixa a saudade golpeando horas amargas,
Pelos mates que não tem gosto para sentir;


Um dia desses busquei o fundo da estância,
Na sombra larga de um tarumã antigo...
Onde o silêncio retrucava o soar do vento,
A saudade trazia imagens do velho amigo;

O zaino negro que apartou-se da tropilha...
De olhar atento como quem busca seu dono,
Vi na distância o pêlo e a crina ainda suados...
Como se alguém ainda usasse aquele trono;

A TODOS ÀQUELES QUE PARTEM SEM AO MENOS DIZER, ADEUS!

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