terça-feira, 19 de abril de 2022

BRIGA DE BUGIO, NÃO! BRIGA DE QUEM CONHECE CULTURA.

         O Poeta Franciscano e um dos grandes conhecedores não só da cultura serrana, como da cultura regional da Pampa Gaucha Léo Ribeiro de Souza, traz, hoje, em sua página da web um texto que relata muito bem a preocupação de tentos pensadores que estão vendo o Bugio, esse ritmo, que por muito tempo ficou esquecido dos holofotes, estar, hoje, no meio de um projeto, que teimo em dizer, que é politiqueiro e sensacionalista, encabeçado por pessoas que pouco ou nada conhecem da cultura desta Pátria tão grande. 

        Há muitos dias que venho pleiteando, quase que sozinho, escrevendo sobre essa pressa de tornar o bugio um Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul e muitas pessoas de cidades que nunca fizeram nada pelo bugio, se dizendo donos da criação e da criatura. 

        Quando me deparei com esse texto tão bem escrito, e com comentário de muitos que conheço, vejo que não estou sozinho, mas também não tenho o poder de mudar o rumo dessa prosa. O engrandecimento de pessoas que nada fazem pela cultura ou que pouco conhecem ou diferenciam cultura de entretenimento é o que me assusta, pois nada, em termos culturais deve nascer sem raiz, sem uma boa aguada e sem os cuidados necessários para frutificar e o que estamos vivenciando é exatamente o contrário, algo feito às pressas, com pessoas desqualificadas para tamanho passo e com a mídia, à mesma que vira às costas paras cidades pequenas e a cultura do interior, à não ser, é claro, que isso traga likes para os que andam atrás de seguidores.

Deixo aqui a preocupação do Léo com o tema.


TENTA ME ESQUECER, TCHÊ !

Através de uma gravação tomei conhecimento que um repórter anda magoado comigo. Acho tudo isso uma situação chata. Só que o vivente em vez preocupar-se com gente graúda, está me dando uma importância que eu não tenho.
Ele é bom no jornalismo mas, vez em quando, mete os pés pelas mãos quando adentra na seara da cultura gaúcha. Compreensível, começou há pouco tempo. E como tem o canhão empresarial da mídia no costado muita gente come pela sua mão.
A revolta deste parceiro se deve por que ele teve a iniciativa de propor o projeto de tornar o ritmo bugio Patrimônio Imaterial do Rio Grande do Sul. Muito bem. Nota dez. Tirando as segundas intenções de ano eleitoral é uma bela proposição. Entretanto, devido a sua vaidade, ninguém mais pode tratar deste assunto. Somente ele. Um simples desenho que fiz "sem avisá-lo" foi o motivo de tudo.
Esse rapaz não entende que, enquanto ele ainda andava nos cueros, Honeyde Bertussi, Edson Dutra, Joao Cincinato, Salvador Lamberty e tantos outros já labutavam pela preservação do ritmo bugio.
Eu tenho que rir, pois sou azarado com esse tipo de pessoa. Escrevi, a pedido de um parceiro, lá no início de março, uma letra sobre este momento de paz entre os São Chicos (de Assis e de Paula). Como o egocentrismo da pessoa a qual me refiro é enorme e a ideia da música não partiu dele, há poucos dias ele também solicitou a dois compositores que fizessem uma letra sobre o mesmo assunto. Fiquei muito abatido, tive gastrite, estourou uma úlcera rsrsr... e acabei pedindo ao gaiteiro que me solicitou a letra que não a gravasse. Não entro nesta briga de bugios. Não preciso de "curtidas" para ganhar meu pão.
Esses dois compositores, que são ótimos em outros estilos musicais mas nunca escreveram um bugio, acabaram fazendo algo "parecido" com o que eu já tinha escrito (claro que foi coincidência). O título da minha música é: O Bugio é Gaúcho. A dos convocados é: É Gaúcho Este Bugio.
Deixa assim. Se eles estão felizes, tudo bem.
Mas o ponto mais triste de toda essa história foi quando o repórter saiu com aquele texto de que o ritmo bugio nasceu de um "ritual sexual" entre os tropeiros e as índias de cima da serra, pondo ao chão tudo aquilo que os Irmãos Bertussi pregavam e defendiam. Misericórdia... Pobre da minha terra. Mas sobre isto vamos tratar em outra oportunidade.
Gaúcho velho. Por admirar parte do teu esforço vou te brindar com uma dica: Continue reproduzindo os vídeos que te mandam (o que já é uma grande coisa) e use dos meios que estão ao teu dispor para trabalhar pelo bem das tradições gaúchas. O mel da lixiguana um dia acaba e os lagartos que hoje te rodeiam amanhã nem se lembrarão de ti.
Ah... e tenta me esquecer por uns tempos.
Legenda: este desenho que "não avisei" que iria fazer é o motivo de toda a mágoa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não te micha amigo Véio. Belo texto. Oportunistas tão querendo bater continência com o chapéu dos outros. Abraço

Enviar um comentário