Paulo Ricardo Costa
Fim
A luz que a vida me tirou,
Porque o destino assim
quis,
Não me fez um ser
infeliz...
Tão pouco menos do que
sou,
Se foi o tempo que
determinou,
Sem luz por toda a
existência...
Ganhei de Deus a
dolência...
Bem mais que a própria
razão,
E tenho os olhos do
coração...
Dando-me luz pra consciência;
Teu rosto que ainda não
vejo,
Por esta ausência de
visão...
Enxergo ao toque das mãos,
Ou pela carícia dos teus
beijos,
Que se avizinham aos
desejos,
Ardendo em chama e
calor...
Para um coração sonhador,
Pouco importa a tua
imagem,
Pois mais belo que a
paisagem,
É este universo do amor!
Quando a teu corpo me
entrego,
Mergulhado em tenro
espaço,
Meu mundo é entre teus
braços,
Tu és, a minha dona, não
nego...
E pouco importa, se sou
cego,
A luz que me falta à
retinas...
Como a noite negra descortina,
Ungido a paz de um
momento,
Onde só basta um
sentimento,
(É tudo que o amor, nos
ensina);
Quando quero ver as
flores...
O campo vasto, as
coxilhas,
Caminho entre as maçanilhas,
E vou imaginando, suas
cores,
Criei imagem dos
corredores...
De rios, de matas e de estradas,
Como se fossem formadas...
Num mundo dentro de mim,
Aonde o tempo não tem
fim...
E tudo é parte de um nada!
Para muitos, isso é a
dor...
É parte dura. É sofrimento!
Mas ninguém enxerga o
vento,
E todos sabem do seu
valor...
Ninguém pode ver o calor,
E tantas coisas que
existem,
Enquanto muitos insistem,
Na pior cegueira da
vida...
Que é ter a imagem distorcida,
Que a tantos olhos,
persistem;
Não precisa ter pena de
mim!
Nem tão pouco ficar condoído,
Me restam os outros
sentidos,
E foi Deus que me quis
assim,
Sem ter a luz, não é o
fim...
Quando há, amor
verdadeiro,
Os sonhos são
derradeiros...
E em cada toque dos dedos,
Tateando à luz dos
segredos,
Te busco apenas com o
cheiro;
Há tantos, que tentam
ver...
O que os olhos jamais
verão,
Pois o belo não está na
visão,
Mas no interior de cada
ser!
Só os olhos não conseguem
ter,
Quando a alma ressente na
dor,
E a vida vai perdendo o
valor,
A cada um que anda sozinho...
Carregando apenas espinhos,
Sem nunca conhecer a flor!
Se o amor que trago é
infinito,
(E o meu coração é quem
diz)
O mundo em que vivo é
feliz,
Por certo, também, é
bonito!
Onde cada ser é bendito...
Se, crer na luz do perdão,
No simples toque das mãos,
Sinto o teu corpo, teus
beijos,
E são por elas que te
vejo...
Com os olhos do coração!
Fim
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