Paulo Ricardo Costa
Meu zaino vem basteriado,
Dessas garoas guasqueadas,
E a minha alma estropeada,
De saudade e de solidão...
Voltar é sempre aconchego,
Pras dores que hoje trago,
Se o tempo me foi amargo,
Doce vem, meu coração;
O poncho guarda de baixo,
O calor que é para ela...
As imagens que são belas,
Eu trago aqui nas retinas,
Onde andarás, minha linda?
É o que me passa na mente,
Guardo os sonhos da gente,
Pras primaveras floridas;
Trago de baixo do poncho,
Um coração cheio de amor,
Carícias para minha bela...
E um botão de rosa em flor,
Dessas que nascem nos cerros,
Ou no pé de alguma aguada...
Tem a cor dos olhos dela,
E o cheiro doce, da amada;
Depois de dias na estrada,
Na culatra de uma tropa,
Até as ânsias galopam...
E dão de volta à morada,
Vão encontrar na cancela,
Com mate de boas vindas,
E os lábios doces da linda,
Com gosto de madrugada;
Que bom voltar pro rancho,
Tendo a amada de espera!...
Se o peito andava tapera,
Agora, até, me desmancho,
Na noite, véus de negrume,
Bem ali ao nosso alcance,
Pra testemunhar um romance,
Eu e ela de baixo do poncho;
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