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No planalto do noroeste gaúcho, Meyer deparava-se com dois objetivos: “Um deles era conhecer as terras que seu sócio Carlos Dhein havia adquirido para a formação da Colônia Neu-Württemberg – atual Panambi. E o outro era visitar a região do alto Rio Uruguai onde planejava construir, com capitais alemães, uma ferrovia com mil quilômetros de extensão, ligando Tupanciretã, Missões, Nonoai e Caxias do Sul”, escreve Milton Fensterseifer, um engenheiro que gosta de história e que perscrutou os passos do viajante. O projeto previa a alocação de colonos rente aos 10 km de cada lado da ferrovia. No entanto, a obra não saiu do papel por falta de suporte financeiro.
O ENCONTRO COM AS RUÍNAS
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Meyer relata no livro o estado lastimável em que encontrou as ruínas de São Miguel. Depois de afirmar que ali viviam 10 mil pessoas, constata que então havia “apenas uma dúzia de choupanas”. Descreve assim seu encontro com as ruínas: “Distante aparece num mato fechado uma antiga torre. Até ela avançamos em meio a um macegal. Magnífica foi a vista da mais rica igreja erguida no estilo jesuítico. Teria sido a mais suntuosa de todas as ruínas e até o princípio do século - em torno de 1800 - muito pouco tinha sido danificada na sua construção”. Narra que o vandalismo tomou conta das ruínas e que há dez anos atrás uma das torres foi danificada em função da queda de uma coluna.
O viajante descreve que adentrou ao que restava do templo “pela passagem do portal principal que é coroado com toneladas de pedras cuja colocação, se não foi com máquinas, é um mistério”. Por fim, Meyer denota toda sua malícia e deboche: “Os miseráveis ranchos de palha com seus obtusos moradores, bem perto das veneráveis ruínas, fornecem uma boa ilustração para o lema dos brasileiros: Ordem e Progresso”. Em outras palavras, ele atesta o forte contraste entre o que já foi esplendido e a pobreza de então. Em tom jocoso, lembra o lema da bandeira por não haver naquele local nem ordem nem progresso. O lema havia sido criado em virtude da proclamação da república, em 1889, nove anos antes.
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Conforme Milton Fensterseifer, as duas outras fotos constantes no arquivo de Meyer foram feitas pelos engenheiros alemães que igualmente fizeram a viagem de reconhecimento à região, em janeiro de 1899, passando pelas ruínas. Uma foto mostra a vegetação que está incrustada nos altos do pórtico e das torres e a outra mostra os engenheiros medindo com uma régua a altura do prédio.
Em 1937 Getúlio Vargas criou uma Secretaria de Proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional com a finalidade de organizar a proteção de obras, monumentos e sítios arqueológicos. As ruínas começaram a ser conservadas a partir de 1939 pelo zelador João Machado que, a partir de então, passou a reunir as imagens que hoje formam o museu das ruínas.
FONTES: Engº Milton Fensterseifer, Prof. Danilo Lazzarotto, Profª Leonilda Maria Preissler, ZH de 28/jan/2004, livro “Minha Viagem às Colônias Alemães do Rio Grande do Sul (1898-1899)” de Herrmann Meyer e texto “As culturas alemã e brasileira no relato de Meyer” dos Professores Jorge Luiz da Cunha e Angelita Gärtner
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